1. TugaTech » Internet e Redes » Noticias da Internet e Mercados » [Entrevista] Eugene Kaspersky - E se a Net tivesse passaportes?
  Login     Registar    |                      
Siga-nos

Você não está conectado. Conecte-se ou registre-se

  

Opções



Mensagens anteriores

[Entrevista] Eugene Kaspersky - E se a Net tivesse passaportes? em Ter 15 Mar 2011 - 21:16

DJPRMF

Responder Site1-10
O líder da Kaspersky lembra que já há os códigos maliciosos capazes de lançar ataques a semáforos, fábricas e até centrais nucleares.

Em tempos, disse que foi um erro disponibilizar a Net para o público em geral. Mantém a opinião?

As redes de computadores foram desenvolvidas para uso militar. Só mais tarde passaram para as universidades e foi criado o primeiro sistema público que funcionava a partir de comunicações entre modems. No princípio não havia necessidade de identificar utilizadores - porque todas as pessoas se conheciam. Mais tarde, a Net tornou-se pública e passou a ser usada também por pessoas que não são de confiança. Só nos anos 90 se percebeu que a Net podia ser interessante, porque dava para ver websites. Antes disso, servia apenas para trocar e-mails e não eram necessários standards de segurança. Só que agora tudo depende da Net...

...ainda é possível emendar esse erro?

Todas as pessoas ou organizações que enviam informação para a Web têm de ser identificadas. Não é preciso identificar pessoas que apenas navegam e fazem downloads, mas entidades que fazem o upload deveriam ter algo parecido com passaportes. Além disso, os servidores de acesso à Net (ISP) têm de partilhar informação. Se a polícia deteta que alguém se comporta de forma errada, os ISP têm de disponibilizar a informação necessária. É a única forma de reduzir o número de cibercriminosos e de ocorrências que estão em vias ocorrer...

...que ocorrências?

Anda por aí um malware conhecido por Stuxnet, que foi desenhado para atacar sistemas PLC, da Siemens - e não se trata de filme de Hollywood! Estes sistemas são usados para gerir processos industriais e tanto podem controlar semáforos como centrais nucleares. Quando descobrimos este malware, concluímos que é algo criado por um grupo de pessoas muito profissional, pois trata-se de algo muito complexo.

Pelo que diz, esse malware permite atacar um país inteiro!

O software ataca PC que funcionam com Windows. Só que esses computadores podem estar conectados a sistemas PLC. O trojan injeta código nos sistemas PLC, mas não faço ideia do que é capaz - seria necessário recorrer a especialistas em PLC. Temos ideias sobre a origem do malware, mas sem provas preferimos não acusar ninguém. Este malware não é detetável por nenhum antivírus. Seguramente, foi testado em todos os antivírus (antes de ser lançado). É uma arma!

Eis uma prova de que só se conhecem vírus detetados por antivírus. Os outros mantêm-se desconhecidos e... ativos!

Não me parece. Conseguimos dar proteção para 99% dos vírus, apesar de haver sempre o risco de um vírus muito sofisticado não ser detetado.

A criação de uma ciberpolícia podia ajudar a conter os vírus?

São necessários três elementos: passaportes na Net; os ISP têm de fornecer informação às autoridades; e a criação de unidades de polícia internacionais. Se um cibercriminoso infetar um banco, será assim possível saber de onde vem o código e apurar a identidade usada. Isto chegará para parar a maioria dos cibercriminosos. Hoje, o cibercrime é um negócio seguro, que recorre a processos que garantem 100% do anonimato.

Se esses três elementos forem postos em prática, empresas como a Kaspersky vão perder receitas!

Nem por isso. Vai continuar a existir gente capaz de roubar ou forjar identidades. Passa-se o mesmo com os carros: todos têm matrículas - o que não impede crimes com carros. Agora imagine que era possível comprar carros sem matrículas. O número de carros roubados aumentaria exponencialmente... e a Polónia e a Rússia teriam carros bem melhores! (risos) A identificação não acaba com todo o crime, mas torna-o mais difícil.

A Net já está em todo o lado. A Kaspersky prevê desenvolver aplicações de segurança para eletrodomésticos ou carros?

Hoje, temos software para computadores e smartphones. Não creio que precisemos de produtos para carros e eletrodomésticos. Nesses casos, vamos licenciar a tecnologia às marcas especializadas. As marcas de carros nunca deixarão outras empresas fazerem o upgrade de computadores de bordo, mas podemos ajudá-las com as nossas tecnologias.

Antivírus sem atualizações? Parece um pouco difícil...

Imagine que liga o carro e aparece uma mensagem a informar que tem de fazer um update! Ou que vai a guiar e de repente surge outra mensagem a dizer que o carro tem de ser reiniciado! (risos)

A verdade é que já há protótipos de carros com acesso a redes 3G, sistemas multimédia...

Cá está um carro que nunca compraria! Tenho receio de sistemas que têm demasiadas tecnologias. É melhor encontrar um equilíbrio. Pode ser boa ideia inserir tecnologias num computador de bordo, mas produzir um "carro da Internet" não me parece boa ideia. Claro que há quem esteja a trabalhar nisso, mas se houver um acréscimo de ocorrências e acidentes, provavelmente serão chamadas empresas de segurança eletrónica para resolver o problema.

Como estão a evoluir os vírus nos smartphones?

Os nossos produtos para smartphones não se limitam aos vírus - também permitem evitar o roubo de dados, através do bloqueio de terminais roubados ou perdidos. A maioria do malware criado para smartphones ainda tem por objetivo o envio de SMS de valor acrescentado. Mas na Indonésia, já há smartphones com carteira eletrónica e também trojans que atacam os utilizadores desse sistema de pagamento.

Se calhar, justificava-se um equilíbrio entre as funcionalidades de um smartphone e a segurança da carteira do utilizador...

Deixe-me encontrar uma forma de contornar essa questão, respondendo da seguinte maneira: sou uma pessoa de negócios e se precisar de fazer uma transação apenas tenho de telefonar a alguém (risos seguidos de pausa). Para ter um serviço de banca online seguro, aconselho os utilizadores a usar o browser em modo virtual e a usar teclados virtuais que não permitem os trojans intercetar o que se escreve.

Não se pode fazer o mesmo nos smartphones?

Neste momento, não. Os smartphones não são tão poderosos quanto os computadores. Talvez dentro de dois ou três anos.

Qual o vosso objetivo no que toca quota de mercado?

Nos computadores, somos hoje a quarta marca de antivírus (atrás da Symantec, McAfee e Trend Micro), mas acredito que ainda em 2010 cheguemos à terceira posição. A McAfee foi comprada pela Intel e eu... fico contente por isso! Penso que a Intel vai usar a McAfee para algo diferente e a marca vai acabar por abandonar, paulatinamente, este segmento.

A Kaspersky pode ultrapassar a Symantec?

Vamos fazê-lo, em breve. Só não quero dar uma data.

E se os concorrentes do Windows começarem a ganhar quota de mercado, o que acontece às grandes marcas de antivírus?

Do ponto de vista de segurança, todos estes sistemas operativos são parecidos. Temos produtos para Windows, versões de Linux e Unix, Mac OS, Windows Mobile, Symbian, protótipos para o Blackberry e, em breve, para Android.

Já pensa na reforma?

Não. A companhia não está à venda.

E pensa comprar outras empresas?

Ponderamos aquisições, mas somos cuidadosos. Não somos um banco. Há uma piada que elucida o assunto: em frente ao banco de Manhattan, um judeu vendia nozes. Um dia chega outro judeu e diz-lhe: "Abraham, emprestas-me alguns dólares?". Abraham respondeu: "Não posso. Tenho um acordo com o banco de Manhattan. Eu não empresto dinheiro; e eles não vendem nozes."
Fonte: Exame Informática



  As mensagens apresentadas em cima não são actualizadas automaticamente pelo que se uma nova mensagem for colocada enquanto se encontra nesta página, não irá aparecer na lista em cima.


Aplicações do TugaTechAplicações TugaTechDiscord do TugaTechDiscord do TugaTechRSS TugaTechRSS do TugaTechSpeedtest TugaTechSpeedtest TugatechHost TugaTechHost TugaTech