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A Microsoft está a preparar a sua infraestrutura de Inteligência Artificial (IA) para potencialmente acolher o modelo Grok, desenvolvido pela xAI de Elon Musk. Segundo fontes familiarizadas com o assunto, a gigante tecnológica tem estado em conversações com a xAI nas últimas semanas para disponibilizar o Grok através do seu serviço cloud, o Azure.  

Esta integração permitiria que clientes e as próprias equipas da Microsoft utilizassem o modelo de IA, mas a decisão pode gerar controvérsia interna e acentuar as tensões já existentes com a OpenAI, parceira principal da Microsoft neste sector.  

Grok na plataforma Azure AI Foundry

Caso o acordo se concretize, espera-se que o Grok seja integrado na Azure AI Foundry. Esta plataforma da Microsoft funciona como um centro de desenvolvimento de IA, oferecendo aos programadores acesso a serviços, ferramentas e modelos pré-construídos para criar aplicações e agentes de IA. A inclusão do Grok permitiria aos programadores incorporar as suas capacidades nas suas próprias aplicações, e à Microsoft explorar o seu uso nos seus produtos e serviços. A Microsoft optou por não comentar estas informações.

Ao longo do último ano, a Microsoft tem vindo a expandir a Azure AI Foundry, demonstrando agilidade em adotar modelos de diversos laboratórios de IA, incluindo concorrentes da OpenAI. Um exemplo notório foi a rápida integração do modelo R1 da startup chinesa DeepSeek, uma resposta célere impulsionada pelo CEO Satya Nadella para testar e implementar o modelo em poucos dias.

Estratégia de diversificação e liderança da Microsoft

Fontes internas indicam que Satya Nadella tem sido um defensor da inclusão do Grok, visando posicionar a Microsoft como o principal fornecedor de alojamento para modelos de IA populares ou emergentes. As equipas de IA do Azure estão constantemente a incorporar novos modelos e a adquirir hardware para expandir as suas capacidades, com o objetivo de transformar a plataforma num ecossistema robusto e os agentes de IA numa força de trabalho digital.

"Todos os sistemas que construímos ao longo de 50 anos precisam de se aplicar aos agentes de IA", afirmou Asha Sharma, vice-presidente corporativa da plataforma de IA da Microsoft, numa entrevista recente. "Para a Azure AI Foundry, estamos a pensar em como evoluir para nos tornarmos o sistema operativo por trás de cada agente."

Disponibilizar o Grok no Azure alinha-se com esta meta de se tornar a infraestrutura central para modelos e agentes de IA. Contudo, isto não significa necessariamente que os laboratórios de IA recorram à Microsoft para o treino dos seus modelos. Elon Musk terá cancelado um potencial acordo de 10 mil milhões de dólares com a Oracle no ano passado, afirmando na rede social X que a xAI passaria a treinar os seus futuros modelos "internamente".

Ainda não é claro se a Microsoft garantirá um acordo exclusivo para alojar o Grok ou se concorrentes como a Amazon também o poderão fazer.

Aparentemente, o interesse da Microsoft foca-se apenas em fornecer capacidade de alojamento (inferência) para o modelo Grok, e não os servidores para o treino de futuras versões.

Potenciais tensões e o futuro da parceria com a OpenAI

A decisão de alojar o Grok pode gerar desconforto interno na Microsoft, especialmente considerando o envolvimento de Musk em projetos controversos. Além disso, poderá inflamar ainda mais a relação com a OpenAI. As duas empresas têm tido desentendimentos públicos, originados pela separação conturbada de Musk do laboratório de IA que ajudou a co-fundar, e agravados por disputas legais recentes.

Paralelamente, têm surgido relatos sobre tensões entre a Microsoft e a OpenAI relativamente a requisitos de capacidade e acesso a modelos de IA. Notícias recentes sugerem um "afastamento" entre Nadella e Sam Altman, CEO da OpenAI, e que a contratação de Mustafa Suleyman pela Microsoft no ano passado funcionou como uma "apólice de seguro". A equipa de Suleyman tem trabalhado no desenvolvimento de modelos de IA próprios para competir com a OpenAI, embora com sucesso limitado até ao momento, mantendo a Microsoft dependente da tecnologia da OpenAI para muitas das suas funcionalidades de IA no Office e Copilot.

A expectativa da Microsoft em relação ao modelo GPT-5 da OpenAI também parece ter sido frustrada, com relatos de adiamentos e problemas de capacidade. A inclusão do Grok no Azure é mais um sinal claro de que a Microsoft está disposta a diversificar as suas fontes de modelos de IA. O GitHub Copilot, propriedade da Microsoft, já suporta modelos da Anthropic e Google, além dos da OpenAI, sugerindo que, no futuro, o Copilot principal poderá oferecer uma escolha entre vários modelos concorrentes, reforçando a ambição da Microsoft de se tornar o destino preferencial para programadores e utilizadores de IA.