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A Microsoft iniciou uma nova e massiva ronda de despedimentos que está a abalar toda a empresa, afetando cerca de 9.000 funcionários a nível global. A sua divisão de gaming, a Xbox, foi uma das mais duramente atingidas, com estúdios inteiros a serem fechados, jogos cancelados e um clima de enorme tensão a instalar-se entre as equipas que restam, nomeadamente na Halo Studios.

Tensão e frustração na casa de Halo

Pelo menos cinco funcionários da Halo Studios foram despedidos na passada quarta-feira, deixando o estúdio com uma equipa estimada entre 200 a 300 pessoas. Segundo um developer com conhecimento da situação, em declarações ao Engadget, o ambiente é de cortar à faca. A frustração é particularmente palpável em relação a um email enviado pelo CEO da Microsoft Gaming, Phil Spencer, que justificou os cortes como necessários para "aumentar a agilidade e eficácia".

"Estou pessoalmente furioso que o email do Phil se tenha gabado de como este foi o ano mais lucrativo de sempre para a Xbox, no mesmo fôlego em que aciona a alavanca dos despedimentos", confessou o developer. "Não percebi de que parte dessa mensagem deveria sentir-me orgulhoso."

A Halo Studios, responsável pela manutenção de Halo: Infinite — que tem vindo a abrandar discretamente o seu ritmo de novos conteúdos — e pelo desenvolvimento do próximo capítulo principal da saga, vive dias de grande apreensão. A fonte revela que existe uma enorme tensão em torno de um projeto recente que esteve em crise. "Não creio que alguém esteja realmente feliz com a qualidade do produto neste momento", afirmou.

Uma onda de choque por toda a divisão Xbox

O impacto destes despedimentos vai muito para além do estúdio de Halo. A onda de choque varreu toda a divisão Xbox, resultando num cenário desolador:

• The Initiative, o estúdio que trabalhava no reboot de Perfect Dark, foi encerrado por completo.

• Os projetos Everwild, da Rare, e o já mencionado Perfect Dark foram oficialmente cancelados.

• A Turn 10 Studios, casa da aclamada série Forza Motorsport, terá perdido a "grande maioria" dos seus funcionários.

• Estúdios como a Rare, ZeniMax Online Studios, King, Raven e Sledgehammer Games foram todos afetados com perdas significativas nas suas equipas.

• Matt Firor, presidente da ZeniMax há 18 anos, e Gregg Mayles, um designer veterano da Rare, estão de saída.

• Para culminar, a Blizzard anunciou o fim de Warcraft Rumble.

A sombra da IA e uma mudança de estratégia

Esta reestruturação agressiva surge num momento em que a Microsoft aposta cada vez mais em Inteligência Artificial. O CEO, Satya Nadella, chegou a afirmar que até 30% do código da empresa já é escrito por IA, e o uso da ferramenta Copilot "deixou de ser opcional" internamente. O developer que falou ao Engadget não tem dúvidas: "Eles estão a fazer os possíveis e impossíveis para substituir o máximo de empregos que conseguirem por agentes de IA."

Esta não é a primeira vez que a casa de Halo sofre cortes. Em 2023, quando ainda se chamava 343 Industries, o estúdio foi abalado por despedimentos que afetaram maioritariamente as equipas de campanha e narrativa. Desde então, tem havido uma mudança estratégica, passando da contratação de freelancers individuais para a colaboração com estúdios externos contratados, numa tentativa de acelerar a produção, um modelo semelhante ao de outras grandes franquias como Call of Duty.

Apesar do caos, vários membros que saíram da equipa falaram calorosamente do seu tempo na Halo Studios e das pessoas com quem trabalharam. No entanto, fica a sensação de que há problemas estruturais profundos, como resume o developer: "A Xbox, em geral, parece estar anos atrasada na curva do desenvolvimento de jogos, e isso leva a muito tempo e esforço desperdiçados."

Um porta-voz da Microsoft afirmou que os despedimentos afetam menos de 4% da força de trabalho global da empresa, acrescentando: "Continuamos a implementar as mudanças organizacionais e de força de trabalho que são necessárias para posicionar a empresa e as equipas para o sucesso num mercado dinâmico."