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A Apple apresentou uma novidade significativa no campo da inteligência artificial com o lançamento de um modelo de linguagem inovador focado em programação. Já disponível na plataforma Hugging Face, esta nova IA destaca-se por uma capacidade invulgar: a de escrever e corrigir código de forma não-linear, prometendo acelerar drasticamente o trabalho dos programadores.

Uma abordagem radicalmente diferente da programação

Tradicionalmente, os modelos de IA para programação geram código de uma forma sequencial, da esquerda para a direita e de cima para baixo, de forma semelhante à escrita humana. No entanto, a solução da Apple quebra este paradigma. O modelo é capaz de inserir código em pontos arbitrários e aplicar correções em múltiplos trechos em simultâneo. Esta flexibilidade permite uma criação e refatoração de código muito mais rápidas e eficientes.

O desempenho desta nova ferramenta já rivaliza com os principais modelos de código aberto disponíveis no mercado. Na sua génese está o Qwen2.5-7B, um modelo de base de código aberto da Alibaba, que a Apple ajustou e aprimorou significativamente para otimizar a geração de código.

Como funciona esta nova tecnologia da Apple?

A maioria dos modelos de linguagem é autorregressiva. Isto significa que processam um pedido, preveem a primeira palavra (ou "token") da resposta, reavaliam tudo com esse primeiro token adicionado, preveem o segundo, e assim sucessivamente. A inovação da Apple passou por ajustar este modelo base com um descodificador assente em difusão (Diffusion-based decoder).

Os modelos de difusão, que se popularizaram na geração de imagens, funcionam de forma diferente. Começam com "ruído" ou dados aleatórios e vão refinando progressivamente a informação até chegar ao resultado final pretendido, guiados pelas instruções do utilizador. Ao aplicar esta lógica à geração de texto e código, a Apple conseguiu uma maior flexibilidade. Para aperfeiçoar o sistema, a gigante de Cupertino treinou a sua versão com mais de 20.000 exemplos de programação cuidadosamente selecionados.

Outro conceito importante no funcionamento destes modelos é a "Temperatura", que mede o nível de aleatoriedade das respostas. Uma temperatura baixa favorece as respostas mais prováveis e previsíveis, enquanto uma temperatura mais alta permite que o modelo seja mais "criativo", explorando soluções menos óbvias.

Resultados promissores e o cenário competitivo

Nos testes, o modelo da Apple demonstrou uma melhoria de 4,4% numa reconhecida plataforma de benchmark de programação. O resultado valida a sua abordagem menos dependente de uma geração de código estritamente linear, mostrando-se uma alternativa promissora aos métodos autorregressivos.

Este lançamento coloca a Apple numa posição ainda mais competitiva no crescente campo da IA para programação, um setor onde gigantes como a OpenAI, com o seu ChatGPT, e a Google, com as melhorias no Gemini para codificação, também têm investido fortemente.