
Um tribunal de Roterdão condenou German Aksenov, um ex-engenheiro de 43 anos, a uma pena de três anos de prisão efetiva por ter transferido ilegalmente tecnologia confidencial de semicondutores para um contacto na Rússia. Aksenov trabalhava para duas gigantes da indústria, a ASML e a NXP, cujos segredos industriais são considerados críticos para a eletrónica avançada.
O método da espionagem e o destino da informação
Durante a investigação, as autoridades descobriram que o engenheiro alemão copiava ficheiros de design e documentação de linhas de produção dos servidores das empresas para pens USB e discos rígidos externos, que foram posteriormente encontrados na sua residência.
Para além da cópia dos dados, Aksenov partilhou detalhes de fabrico com um associado russo. A acusação acredita que este material sensível acabou por chegar às mãos do FSB, o serviço de inteligência da Rússia, tornando o caso um grave ato de espionagem industrial.
ASML e NXP: alvos de alto valor na indústria tecnológica
A gravidade deste caso é amplificada pela importância das empresas visadas. A ASML é a única fornecedora mundial de equipamento de litografia de ultravioleta extremo (EUV), uma tecnologia indispensável para o fabrico dos processadores mais avançados do planeta. Por sua vez, a NXP é uma das co-inventoras da tecnologia de comunicação de campo próximo (NFC), presente em inúmeros dispositivos para pagamentos e outras aplicações.
A propriedade intelectual de ambas as empresas serve de alicerce para uma vasta gama de equipamentos eletrónicos civis e militares, o que as torna alvos prioritários para a espionagem internacional.
A defesa do arguido e a decisão do tribunal
Em audiências anteriores, Aksenov admitiu estar na posse dos ficheiros das empresas, mas negou qualquer ato de espionagem. A sua defesa argumentou que os ficheiros serviam apenas para "manter o conhecimento profissional". No entanto, o tribunal rejeitou este argumento, sublinhando que o engenheiro removeu propositadamente material restrito e ignorou as obrigações de cumprimento das sanções.
Inicialmente, a acusação pedia uma pena de quatro anos, mas o tribunal reduziu a sentença ao não encontrar provas de que Aksenov tenha sido remunerado pelos dados. A decisão judicial, conforme avançado pela Reuters, cita a violação das sanções da União Europeia impostas em 2014, que proíbem o fornecimento de "assistência técnica" ou tecnologias restritas a entidades russas.