
Olof Kyros Gustafsson, o ex-CEO da empresa por detrás dos infames telemóveis Escobar Fold 1 e Escobar Fold 2, declarou-se culpado das acusações de fraude e branqueamento de capitais, segundo o Departamento de Justiça dos EUA. A empresa, que utilizava a imagem do barão da droga Pablo Escobar, ficou conhecida por um esquema que lesou inúmeros consumidores.
O esquema por detrás dos "smartphones" de luxo
Num acordo de confissão, os procuradores dos Estados Unidos detalham como Gustafsson e a Escobar, Inc. aceitavam encomendas para os telemóveis e outros produtos. Para aumentar a procura, a estratégia passava por enviar unidades a analistas de tecnologia e influenciadores digitais, gerando uma falsa sensação de legitimidade.
Muitos recordar-se-ão do vídeo de 2020 do youtuber Marques Brownlee, onde este analisou um Escobar Fold 2. A sua descoberta foi surpreendente: o aparelho não passava de um Samsung Galaxy Fold (um smartphone que custava quase 2.000 dólares na altura), simplesmente adornado com um autocolante dourado, vendido pela Escobar Inc. por apenas 400 dólares. No entanto, os clientes que pagavam nunca recebiam o produto.
Não eram só telemóveis: lança-chamas e "cripto física"
A fraude não se limitou aos smartphones. A empresa também comercializava um "Lança-chamas Escobar" de 500 dólares, "inspirado" no Not-A-Flamethrower da The Boring Company. Além disso, vendia o "Escobar Gold 11 Pro Phone" por 500 dólares, que era, na verdade, um Apple iPhone 11 Pro recondicionado, e até uma "Escobar Cash", promovida como a primeira "criptomoeda física" do mundo.
Como a burla enganava clientes e sistemas de pagamento
O método para manter o dinheiro e evitar reembolsos era particularmente engenhoso. Em vez de enviarem os produtos comprados, Gustafsson enviava aos clientes um "'Certificado de Propriedade', um livro ou outros materiais promocionais da Escobar Inc.", apenas para criar um registo de envio.
Quando um cliente lesado tentava obter um reembolso junto do processador de pagamentos, "Gustafsson apresentava fraudulentamente o comprovativo de envio do Certificado de Propriedade ou de outro material como prova de que o produto em si tinha sido enviado e que o cliente o tinha recebido, para que os pedidos de reembolso fossem negados", explica o Departamento de Justiça.
Justiça a caminho: pena de prisão e indemnização milionária
Um juiz agendou a audiência para a leitura da sentença para o dia 5 de dezembro. Gustafsson enfrenta uma pena que pode ir até 20 anos de prisão federal pelas acusações relacionadas com fraude e até 10 anos pelas de branqueamento de capitais. Para além do tempo de prisão, terá de pagar uma indemnização que pode chegar aos 1,3 milhões de dólares.