Mensagens anteriores

Sempre sonhou interagir com gráficos tridimensionais flutuantes como se vê nos filmes de ficção científica? Esse futuro está mais próximo do que nunca. Uma equipa de investigadores da Universidade Pública de Navarra (UPNA), em Espanha, desenvolveu um sistema inovador que permite não só visualizar hologramas no ar, mas também tocá-los e manipulá-los diretamente com as mãos, sem necessidade de óculos de realidade virtual.

Como funciona esta "magia" tecnológica

A tecnologia por trás dos chamados ecrãs volumétricos, que criam gráficos 3D visíveis de múltiplos ângulos, não é totalmente nova. Estes sistemas funcionam projetando imagens a uma velocidade altíssima (neste caso, 2880 imagens por segundo) sobre uma tela que se move rapidamente. A persistência da visão humana faz o resto, fundindo as diferentes "fatias" da imagem numa figura tridimensional completa.

O grande problema dos protótipos comerciais existentes é que utilizam difusores rígidos. Tocar nesta superfície em movimento poderia causar ferimentos ou danificar o equipamento. A solução da equipa espanhola, batizada de FlexiVol, contorna este obstáculo de forma engenhosa: utiliza difusores elásticos e flexíveis. Esta alteração permite que o utilizador empurre a tela e insira as mãos "dentro" do volume da imagem de forma totalmente segura.

Como os materiais elásticos se deformam ao serem tocados, o que distorceria a imagem, o sistema FlexiVol inclui um software de correção que ajusta os gráficos projetados em tempo real, garantindo que o holograma permaneça estável e nítido.

Interação natural e mais precisa que um rato 3D

O objetivo principal do projeto, liderado pelo investigador Asier Marzo, era criar uma forma de interação tão natural e intuitiva como a que temos com os ecrãs dos nossos telemóveis. E os resultados são promissores.

Um estudo realizado com utilizadores revelou que realizar tarefas como selecionar, encaixar e desenhar objetos no ecrã FlexiVol é consideravelmente mais rápido e preciso quando se usa a interação direta com as mãos, em comparação com um rato 3D tradicional. A equipa demonstrou ser possível agarrar um cubo virtual entre o polegar e o indicador para o mover e rodar, ou simular o caminhar de pernas numa superfície usando os dedos.

Aplicações para o futuro

As possibilidades abertas por esta tecnologia são vastas e podem transformar a forma como interagimos com a informação digital. Algumas das aplicações mais evidentes incluem:

• Educação: Alunos poderiam visualizar e montar virtualmente as peças de um motor ou explorar moléculas em 3D.

• Museus: Os visitantes poderiam interagir diretamente com artefactos ou reconstruções históricas sem o risco de os danificar.

• Trabalho colaborativo: Vários utilizadores podem manipular os mesmos objetos virtuais em simultâneo, facilitando o design e a engenharia.

• Entretenimento: Desde animais de estimação virtuais com os quais se pode brincar, a ferramentas de edição de paisagens 3D, o potencial lúdico é enorme.

Esta inovação representa um passo significativo para tornar os hologramas interativos uma ferramenta prática e acessível. O anúncio da tecnologia foi feito pela própria universidade, com todos os pormenores técnicos da investigação disponíveis num artigo científico.