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A Google e a Apple estão a remover das suas lojas de aplicações, a Play Store e a App Store, várias apps que permitiam aos utilizadores denunciar anonimamente a atividade de agentes de imigração (ICE) nos Estados Unidos. A medida, que afeta aplicações como a Red Dot e a ICEBlock, surge na sequência de um tiroteio fatal e de uma crescente pressão por parte das autoridades norte-americanas.

O gatilho: um tiroteio e a pressão das autoridades

A polémica intensificou-se após um tiroteio numa instalação do ICE em Dallas, a 24 de setembro, que resultou na morte de um detido e feriu outros dois. De acordo com um agente do FBI em declarações ao The New York Times, o atirador estaria a seguir aplicações que monitorizam a localização de agentes do ICE nos dias que antecederam o ataque.

Na sequência do incidente, a Procuradora-Geral dos EUA, Pam Bondi, solicitou à Apple a remoção da app ICEBlock. Numa declaração partilhada com a Fox Business, Bondi afirmou que "a ICEBlock foi desenhada para colocar os agentes do ICE em risco apenas por fazerem o seu trabalho, e a violência contra as forças da ordem é uma linha vermelha intolerável que não pode ser ultrapassada".

A resposta da Apple e a justificação da Google

A Apple agiu rapidamente, removendo a aplicação e outras semelhantes. "Com base nas informações que recebemos das autoridades sobre os riscos de segurança associados à ICEBlock, removemo-la e a apps similares da App Store", comunicou a empresa.

Já a Google, embora tenha tomado uma medida idêntica, afirma não ter recebido um pedido direto das autoridades, tratando-se de uma ação proativa. Segundo avança o 404 Media, a empresa justifica a remoção com base numa violação das suas políticas internas, nomeadamente a partilha da localização de um "grupo vulnerável" após um ato violento e a moderação inadequada de conteúdo gerado pelos utilizadores.

A defesa dos criadores e o futuro incerto

Do outro lado da barricada, os criadores das aplicações defendem-se. Os responsáveis pela Red Dot, por exemplo, afirmam no seu site que a plataforma "agrega relatórios verificados de múltiplas fontes fidedignas" e que "nunca rastreia os movimentos de agentes do ICE, de forças da lei ou de qualquer outra pessoa". Sublinham ainda que "rejeitam categoricamente o assédio, a interferência ou o dano a agentes do ICE ou a qualquer outra pessoa".

Apesar das justificações, que visam garantir a privacidade e a segurança de todos os envolvidos, as aplicações continuam indisponíveis em ambas as lojas. Resta saber se existirá margem para que estas plataformas regressem, talvez com novas regras de moderação, ou se este é o fim definitivo para as apps de monitorização de atividades de imigração.