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Investigadores de duas universidades suecas desenvolveram uma nova tecnologia de ecrã e-paper a cores que promete atingir os limites da resolução do olho humano. Apelidada de "Retina E-Paper", a solução oferece píxeis minúsculos, taxas de atualização acima dos 25 Hz (suficiente para vídeo) e pode ser fabricada com processos semelhantes aos dos painéis atuais, abrindo portas para e-readers, óculos de Realidade Virtual (VR) e Realidade Aumentada (AR).

O que é este "E-Paper Retina"?

O estudo, publicado na revista Nature no final de outubro, foi conduzido por cientistas da Chalmers University of Technology e da Uppsala University. A tecnologia aposta na utilização de nanodiscos de trióxido de tungsténio (WO₃) sobrepostos num substrato de platina-alumínio. Tal como um e-paper convencional, este ecrã funciona refletindo a luz ambiente.

A grande vantagem é que esta técnica pode ser implementada usando equipamento já existente na produção de semicondutores, o que facilitaria a sua fabricação em massa sem exigir novas máquinas ou aumentar drasticamente os custos.

Uma resolução que envergonha o iPhone

O resultado desta técnica são píxeis com um tamanho de apenas 560 nm. Isto permite atingir uma densidade de píxeis impressionante de até 25.000 PPI (Pixels por Polegada). O número exato dependeria do tamanho do painel, mas para colocar em perspetiva, a própria investigação usa o iPhone 15 como comparação, que conta com "apenas" 460 PPI num ecrã de 6,1 polegadas.

O protótipo desenvolvido pela equipa, embora minúsculo (1,9 x 1,4 mm), atingiu uma resolução de 4.300 x 700 píxeis, conseguindo reproduzir fielmente a pintura "O Beijo" de Gustav Klimt.

Cores, vídeo e um consumo irrisório

Este E-Paper Retina é também versátil. Os cientistas explicam que é possível ajustar as cores e o contraste (nos formatos RGB ou CMY) através de modificações na distância dos nanodiscos em cada metapixel, o nome dado aos subpíxeis desta tecnologia.

Além disso, o ecrã apresenta um contraste de 50% e reflete até 80% da luz ambiente. O tempo de transição é de 40 milissegundos, o que permite reproduzir vídeos a mais de 25 fotogramas por segundo. Como seria de esperar de um e-paper, a eficiência energética é extrema: consome apenas 1,7 mW/cm² a reproduzir vídeo e 0,5 mW/cm² para imagens estáticas.

Os investigadores admitem que ainda existem vários aspetos a melhorar e não estabelecem um prazo para vermos o Retina E-Paper no mercado. No entanto, acreditam que, para além dos e-readers, esta tecnologia poderá ser ideal para óculos de VR e AR, graças à sua eficiência energética.