
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) selecionou a Google para fornecer serviços de computação na nuvem soberana e capacidades de Inteligência Artificial. O acordo foca-se na criação de ambientes “air-gapped”, ou seja, sistemas completamente desconectados da internet pública para garantir a máxima segurança.
Esta parceria visa apoiar o Centro Conjunto de Análise, Treino e Educação (JATEC) da aliança militar, numa iniciativa desenhada para modernizar a infraestrutura digital da organização e fortalecer a sua governação de dados. Embora os valores exatos não tenham sido divulgados, a Google Cloud descreveu o contrato como “significativo” e na ordem dos “muitos milhões de dólares”.
Segurança máxima em ambientes desconectados
O ponto central deste acordo reside na capacidade de oferecer serviços de nuvem soberana que não comprometam a residência dos dados nem os controlos operacionais. Segundo o comunicado, a tecnologia fornecerá “o mais alto grau de segurança e autonomia, independentemente da escala ou complexidade”.
Antonio Calderon, diretor de tecnologia da Agência de Comunicação e Informação da NATO (NCIA), sublinhou a importância estratégica desta colaboração. “A parceria com a indústria é uma componente crítica da nossa estratégia de transformação digital”, afirmou Calderon. O responsável acrescentou que o objetivo é entregar um ambiente de nuvem “seguro, resiliente e escalável” que cumpra os rigorosos padrões exigidos para proteger dados altamente sensíveis.
O contexto político deste investimento tecnológico surge num momento em que o Presidente dos EUA, Donald Trump, tem tecido críticas às contribuições financeiras dos membros da aliança, levantando por vezes dúvidas sobre o compromisso norte-americano na defesa dos aliados da NATO, conforme reportado pelo The Register.
Uma estratégia com vários parceiros
Apesar do destaque dado à Google, a estratégia de nuvem da NATO não é exclusiva. A aliança mantém acordos com outros gigantes tecnológicos, incluindo a AWS, para suportar operações multidomínio e análises em tempo real.
Também a Microsoft, através da sua oferta "Cloud for Sovereignty", tem colaborado com a NCIA para validar a conformidade das implementações na nuvem com as diretivas da NATO para a proteção de informação em nuvens públicas.
Este movimento reflete uma tendência crescente na Europa. Uma sondagem recente da Gartner revela que 61% dos líderes tecnológicos e CIOs na Europa Ocidental pretendem aumentar a utilização de fornecedores de nuvem locais, impulsionados pelas incertezas geopolíticas globais e pela necessidade de garantir a soberania dos dados.