Mensagens anteriores

No rescaldo dos despedimentos em massa anunciados pela Microsoft, que afetaram severamente os seus estúdios de videojogos, um executivo da Xbox apresentou uma solução pouco convencional para ajudar os trabalhadores dispensados: procurar aconselhamento em chatbots de Inteligência Artificial.

Uma sugestão para "reduzir a carga emocional"

Numa publicação na rede social LinkedIn, que entretanto foi apagada mas capturada pelo site Aftermath, Matt Turnbull, executivo dos Xbox Game Studios, afirmou que se sentiria negligente se não tentasse "oferecer o melhor conselho possível nestas circunstâncias". A sugestão visava ajudar os funcionários a lidar com a "carga emocional e cognitiva que acompanha a perda de emprego".

Este conselho surge num momento particularmente conturbado para a divisão de jogos da Microsoft, que assistiu ao cancelamento de vários projetos, ao encerramento de serviços e estúdios, e ao despedimento de até 9.100 funcionários em toda a empresa.

Um conselho no meio do caos dos despedimentos

Embora Turnbull tenha reconhecido que ferramentas de IA como o ChatGPT e o Copilot geram "sentimentos fortes" nas pessoas, sugeriu que qualquer pessoa a sentir-se "sobrecarregada" poderia usá-las para obter orientação sobre a criação de currículos, planeamento de carreira e candidaturas a novas funções.

"Estes são tempos muito desafiantes e, se está a passar por um despedimento ou mesmo a preparar-se discretamente para um, não está sozinho", escreveu Turnbull. A sua sugestão parece enquadrar-se na forte aposta da Microsoft na IA, que em janeiro anunciou planos para investir 80 mil milhões de dólares em infraestruturas de Inteligência Artificial.

A reação da comunidade e a publicação apagada

Não é claro o motivo pelo qual Matt Turnbull apagou a sua publicação, mas a reação geral da comunidade criativa não terá sido positiva. De uma forma geral, a IA generativa é vista por muitos criativos como uma ameaça direta às suas profissões na indústria dos videojogos, um setor que já tem vindo a sofrer com vagas de despedimentos e fechos de estúdios nos últimos anos. Os comentários numa republicação do texto na plataforma Bluesky indicam que as suas sugestões não foram bem recebidas.

No seu texto, Turnbull tentava mitigar a controvérsia, afirmando: "Nenhuma ferramenta de IA substitui a sua voz ou a sua experiência de vida. Mas numa altura em que a energia mental é escassa, estas ferramentas podem ajudá-lo a desbloquear mais rapidamente, com mais calma e com mais clareza."

Que conselhos dava o executivo da Xbox?

A publicação original detalhava vários exemplos de como os funcionários despedidos poderiam usar os LLMs (Modelos de Linguagem Grandes) para os assistir. As sugestões incluíam:

• Planeamento de Carreira: Pedir à IA para atuar como um orientador de carreira e criar um plano de 30 dias para reagrupar, pesquisar novas funções e iniciar candidaturas sem chegar ao esgotamento.

• Ajuda com o Currículo e LinkedIn: Solicitar ao chatbot para criar versões personalizadas de um currículo para diferentes tipos de estúdios (AAA, editoras, startups) ou para reescrever pontos específicos de modo a destacar o impacto e as métricas.

• Networking e Contactos: Pedir para redigir mensagens amigáveis para antigos colegas de trabalho ou para abordar recrutadores em estúdios específicos sobre vagas de emprego.

• Clareza Emocional e Confiança: Usar a IA para ajudar a reformular a experiência do despedimento de uma forma que reforce as competências e combata a síndrome do impostor.