
Numa era de notificações constantes e ecrãs que lutam pela nossa atenção, uma nova tendência está a ganhar força no mundo dos wearables: o minimalismo. A Polar, uma gigante do fitness, acaba de lançar uma pulseira sem ecrã, e este é o sinal mais claro de que a nossa relação com a tecnologia de pulso está a mudar. O foco já não é ter um smartphone no pulso, mas sim um laboratório de saúde discreto.
O cansaço digital como motor de inovação
Esta nova vaga de dispositivos surge da combinação de várias obsessões modernas: a otimização do desempenho, a necessidade de quantificar cada aspeto da nossa vida e, claro, um profundo cansaço digital. Queremos dados, mas sem o ruído constante de e-mails, mensagens e alertas.
A Whoop foi pioneira neste segmento, conquistando atletas de elite com a promessa de métricas que um Apple Watch ou um Samsung Galaxy Watch não conseguiam fornecer com a mesma precisão, como a variabilidade da frequência cardíaca ou a qualidade da recuperação. O segredo não era fugir da tecnologia, mas sim torná-la invisível e automatizada.
A competição aperta com novas opções para todas as carteiras
O sucesso da Whoop, assente num modelo de subscrição que pode chegar aos 330 euros por ano, abriu o apetite a outras marcas. A Amazfit já oferece a sua Helio Strap por apenas 99 euros, sem qualquer subscrição. Agora, a Polar entra em jogo com uma proposta de 199 euros, paga uma única vez.
Esta mudança de modelo de negócio é crucial. Sugere que o mercado está a amadurecer e que os dados de saúde, antes um luxo, estão a tornar-se mais acessíveis. A questão que se coloca é se a análise detalhada dos dados vale uma subscrição anual quando se pode ter acesso a métricas semelhantes com um pagamento único.

Um complemento, não um substituto
A verdadeira beleza destas pulseiras minimalistas é que não pretendem substituir o seu smartwatch. Pelo contrário, complementam-no. Muitos atletas e entusiastas de tecnologia usam ambos os dispositivos: o relógio para monitorizar treinos em tempo real e a pulseira, muitas vezes no braço, para uma análise contínua 24/7.
Estamos a assistir a uma fragmentação do mercado de wearables. De um lado, os dispositivos que querem ser um canivete suíço digital no nosso pulso. Do outro, especialistas focados em fornecer o conhecimento mais profundo sobre o nosso corpo, sem esforço e sem distrações. O verdadeiro teste será se, com o passar da novidade, ter acesso a uma montanha de dados se traduzirá, de facto, numa vida mais saudável. Afinal, saber tudo sobre o nosso sono não serve de nada se não começarmos a dormir mais.