
Na antecâmara de uma nova ronda de negociações comerciais com os Estados Unidos, a decorrer em Madrid, Pequim veio a público defender veementemente a aplicação TikTok, garantindo que "nunca solicitou nem solicitará" a recolha de dados no estrangeiro que viole as leis locais.
Numa declaração clara de intenções, a porta-voz do Ministério do Comércio chinês sublinhou que o governo está "firmemente empenhado em proteger os direitos legítimos das suas empresas" e que a situação do TikTok será tratada de acordo com as leis e regulamentos aplicáveis.
A "justiça" para o TikTok em Madrid?
Pequim aproveitou o momento para apelar a Washington que as divergências sejam resolvidas "através de um diálogo baseado no respeito mútuo e na consulta em condições de igualdade". O objetivo, segundo a China, é assegurar um ambiente de negócios que seja "aberto, justo e não discriminatório" para todas as empresas.
Esta tomada de posição surge num momento crucial, com o futuro da popular aplicação de vídeos curtos a ser um dos temas centrais na agenda das negociações entre as duas maiores economias do mundo.
Negociações de alto risco com data marcada
O encontro na capital espanhola, agendado para decorrer entre 14 e 17 de setembro, vai sentar à mesma mesa o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent. Esta será a quarta ronda de contactos entre as duas partes, depois de reuniões anteriores em Genebra, Londres e Estocolmo.
A data não é coincidência: o prazo imposto por Washington para que a TikTok reestruture as suas operações nos EUA termina precisamente a 17 de setembro, em plenas conversações. Além do futuro da aplicação, estarão em discussão as tarifas aduaneiras e os controlos de exportação.
O fantasma da guerra comercial
Apesar de uma trégua tarifária, que foi prolongada em agosto até novembro, ter suspendido novos impostos, as tensões comerciais continuam a ser uma realidade. O Presidente norte-americano, Donald Trump, já ameaçou com novas sanções caso a China não garanta o fornecimento de minerais estratégicos ou mantenha o seu apoio à Rússia.
Este cenário é espelhado nos dados da Administração Aduaneira de Pequim, que revelam uma queda de 13,5% no comércio bilateral nos primeiros oito meses de 2025. Analistas na China veem a reunião de Madrid mais como uma forma de manter as linhas de comunicação abertas do que como uma oportunidade para avanços significativos no conflito comercial.