
A guerra tecnológica entre a China e os Estados Unidos acaba de ganhar um novo e intenso capítulo. Segundo uma nova reportagem do Financial Times, a Administração do Ciberespaço da China (CAC) terá dado indicações a empresas locais, incluindo gigantes como a ByteDance (dona do TikTok) e a Alibaba, para suspenderem a aquisição dos chips RTX Pro 6000D da Nvidia. Estes processadores foram especificamente desenhados para o mercado chinês, de forma a contornar as restrições à exportação impostas pelos EUA.
Uma história de adaptação às sanções
Depois de a Nvidia ter sido proibida de vender os seus mais avançados chips de Inteligência Artificial à China, a empresa desenvolveu versões com capacidades reduzidas para continuar a servir os seus clientes chineses. Um desses chips, o H20, embora menos potente que os modelos de topo, continua a ter uma elevada procura por parte de empresas chinesas e até das forças militares do país.
Esta situação complexa, que já levou a que a China acusasse a Nvidia de violar leis da concorrência, foi descrita pelo CEO da empresa, Jensen Huang, como uma autêntica "montanha-russa", sublinhando que a Nvidia continuaria a apoiar o governo chinês e as empresas locais conforme considerasse apropriado.
A escalada da tensão: o ‘kill switch’ e a taxa de 15%
No entanto, a situação deteriorou-se com a entrada de Trump na Casa Branca. O governo norte-americano informou a Nvidia que seria necessário obter licenças de exportação para vender os chips H20 à China. Após vários meses de negociações, a Nvidia concordou em ceder 15% das suas receitas provenientes das vendas do H20 na China ao governo dos EUA para conseguir levantar a proibição.
O que parece ter sido a gota de água foram as notícias de que os EUA teriam solicitado à Nvidia a inclusão de um "kill switch" (mecanismo de desativação remota), um rastreador ou uma "backdoor" nos chips exportados para a China. Esta exigência terá levado as autoridades chinesas a instruir as empresas locais a suspenderem a compra dos processadores da gigante tecnológica.
CEO da Nvidia reage com desapontamento
Em declarações à CNBC, Jensen Huang manifestou o seu desapontamento com a proibição. "Provavelmente contribuímos mais para o mercado chinês do que a maioria dos países. E estou desapontado com o que vejo", afirmou. O CEO acrescentou que existem "agendas mais vastas a serem resolvidas entre a China e os Estados Unidos" e que está plenamente ciente disso.
Face à incerteza, Jensen Huang revelou que a empresa já informou os analistas para não incluírem a China nas suas previsões financeiras. "A razão para isso é que tudo será largamente determinado pelas discussões entre os governos dos EUA e da China", concluiu.