
Na era dos SSDs ultrarrápidos, muitos decretaram a morte do disco rígido tradicional (HDD). No entanto, a Western Digital (WD) veio a público defender o contrário: na era da Inteligência Artificial (IA), os pratos giratórios não só são relevantes como essenciais, preparando-se para um salto tecnológico impressionante.
Numa conferência em Tóquio, Irving Tan, CEO da WD, sublinhou que, longe de estarem obsoletos, os HDDs continuam a ser a espinha dorsal da economia de dados, especialmente para os gigantes da tecnologia e centros de dados que alimentam a IA. Segundo o executivo, o futuro do armazenamento em hiperescala é claro, e os discos rígidos estão no centro da estratégia.
A fome de dados da IA é o prato principal dos HDD
A lógica da Western Digital é simples e baseia-se na forma como os dados são geridos. Atualmente, o armazenamento nos grandes centros de dados divide-se em aproximadamente 10% para memórias NAND (SSDs), 80% para HDDs e 10% para fita magnética. Os dados "quentes", que necessitam de acesso imediato e rápido, residem nos SSDs. Contudo, quando o tráfego diminui, esses dados migram para os HDDs, que oferecem um custo total de propriedade e um consumo energético por terabyte muito mais vantajosos. Os arquivos de longo prazo, por sua vez, acabam em fita.
Com a IA a gerar volumes de informação cada vez maiores — prevendo-se uma triplicação da quantidade de dados globais até 2030 —, a necessidade de uma solução de armazenamento massivo, fiável e económica torna os HDDs mais cruciais do que nunca. Não é por acaso que cerca de 90% das vendas recentes da WD foram direcionadas para centros de dados.
O roteiro para o futuro: 36 TB em 2026 e 44 TB em 2027
Para responder a esta crescente procura, a Western Digital traçou um roteiro ambicioso. A empresa planeia lançar discos de 36 TB em meados de 2026, utilizando a tecnologia ePMR (energy-assisted perpendicular magnetic recording). O grande salto acontecerá na segunda metade de 2027, com a introdução da tecnologia HAMR (heat-assisted magnetic recording), que permitirá alcançar uns impressionantes 44 TB de capacidade.
Segundo informações partilhadas pelo PC Watch, embora a tecnologia HAMR já esteja funcional em laboratório, a WD só a irá lançar comercialmente quando conseguir garantir a produção em massa com a mesma fiabilidade da sua tecnologia atual. "Entraremos no HAMR quando conseguirmos um produto com uma fiabilidade ao nível do ePMR", afirmou Tan.
Para além da densidade, a empresa está a trabalhar em melhorias de consumo energético e desempenho, prometendo novidades sobre eficiência para breve e um anúncio sobre a velocidade de transferência de dados no primeiro trimestre de 2026.
Investimento reforçado no Japão
Para suportar esta evolução, a Western Digital anunciou que irá reforçar o seu investimento no Japão, com mais de 1,5 mil milhões de dólares (cerca de 1,4 mil milhões de euros) em gastos com fornecedores no ano fiscal de 2025 e mil milhões de dólares (aproximadamente 930 milhões de euros) em investigação e desenvolvimento nos próximos cinco anos.
O futuro do armazenamento não será uma batalha entre SSDs e HDDs, mas sim uma coexistência onde cada tecnologia ocupa o seu lugar. E, a julgar pelos planos da Western Digital, os discos rígidos continuarão a ser, durante muito tempo, o armazém principal do vasto universo de dados gerado pela IA.