Para bem ou para mal, a Microsoft recentemente revelou o Windows 11, e com este surgem também algumas dúvidas nos utilizadores, sobre os requisitos elevados que a nova instalação do Windows parece ter quando se compara com o Windows 10.
Colocando de lado todas as melhorias que a Microsoft promete para esta nova versão do Windows, e todos os detalhes visuais que este pode ter, a realidade é que a nova versão do sistema operativo conta também com um dos mais elevados requisitos para ser usado, que vai certamente deixar de lado uma grande fatia de sistemas que ainda estão a ser usados hoje em dia.
Para usar o Windows 11, é necessário pelo menos um processador da Intel de 2017 em diante, um processador AMD Ryzen Zen 2 ou superior de 2019, além de 4 GB de memória RAM e pelo menos 64GB de armazenamento interno. Existem dispositivos que ficam muito longe destes requisitos, sobretudo no que respeita a nível do processador e do requisito de também ser necessário o suporte à tecnologia TPM 2.0. Na verdade, nem mesmo o Surface Studio 2 da Microsoft, que foi lançado por mais de 3500 dólares, suporta o novo sistema.
A Microsoft acredita que os novos requisitos vão ser o futuro da tecnologia, e sobretudo a nível da segurança, na qual o Windows 11 estará assente. Mas ao mesmo tempo, a empresa coloca de parte um ponto importante sobre os perigos de deixar milhões de sistemas impossibilitados de serem atualizados.
Um dos pontos para esta segurança encontra-se sobre o Trusted Platform Module, um modulo que a Microsoft exige para um sistema certificado para receber o Windows desde 2016, mas que ainda existem muitos utilizadores no mercado que não sabem como o mesmo funciona, e ainda mais sistemas que nem sequer contam com este chip, fabricados por exemplo antes de 2016. Isto aplica-se tanto a utilizadores individuais como a empresas.
Ao exigir o uso do Trusted Platform Module 2.0 num sistema que se pretenda ter com o Windows 11, a Microsoft encontra-se a colocar de lado uma grande parte dos sistemas ainda existentes no mercado – e que são utilizados no dia a dia por milhares de utilizadores, além de que muitos desses sistemas ainda são considerados adaptados para as tarefas e relativamente recentes.
Obviamente, nenhum utilizador é obrigado a realizar o upgrade para o novo sistema operativo. O Windows 10 ainda se irá encontrar ativo e funcional, bem como a receber atualizações durante os próximos anos. No entanto, a Microsoft encontra-se a abrir uma porta que pode deixar graves problemas para o futuro – não imediato – dos sistemas Windows.
Por muito que o Windows 10 ainda seja suportado, eventualmente este sistema vai deixar de receber atualizações de segurança. A própria documentação da Microsoft afirma que o Windows 10 apenas se encontra suportado até 2025.
E é aqui que começam os problemas. Mesmo que os utilizadores não verifiquem qualquer diferença a nível da segurança, estabilidade ou uso do Windows em geral, é bastante provável que isso tudo mude a partir de 2025, quando a Microsoft deixar de suportar o Windows 10.
Com milhares de sistemas ainda incapazes de realizarem o upgrade para o Windows 11, podemos verificar um caso que não é recente de acontecer, e que na realidade já aconteceu no passado novamente por culpa da Microsoft.
Em 2025, podemos verificar a uma massa de computadores que vão deixar de receber atualizações, e que ficam assim abertos para potenciais ataques em larga escala, e com potencial para graves prejuízos tanto para utilizadores como empresas em geral que ainda se encontrem no sistema.
Isto foi algo que aconteceu com a transição do Windows XP para o Vista e superiores. Na altura, os requisitos do Vista eram consideravelmente mais elevados do que os existentes para o XP, o que levou muitos utilizadores a não atualizarem os seus sistemas – e em parte, também teve impacto a reputação de erros e problemas que o vista era conhecido. Mas até mesmo com a chegada do Windows 7, a situação não se alterou muito, e apesar do sistema ter vindo a ganhar destaque, o Windows XP ainda foi durante vários anos um sistema predominante no mercado – até mesmo anos mais tarde depois de ter perdido o suporte oficial da empresa (20 anos depois, ainda existem sistemas com o XP instalado a ser usados no dia a dia).
A mesma situação encontra-se agora a verificar com a transição do Windows 10 para o Windows 11. Apesar de os utilizadores poderem não sentir nada de imediato, daqui a uns anos, quando o Windows 10 deixar de ser suportado, podemos verificar milhares de computadores com este sistema ainda a serem usados no dia a dia para tarefas fundamentais e criticas.
Basta surgir uma falha no sistema, um problema que a Microsoft não corrija para existir o potencial para graves danos junto dos utilizadores. Isto agrava-se ainda mais com o facto que os computadores que atualmente se encontram a usar o Windows 10 possuem características relativamente aceitáveis e que certamente serão suficientes para muitos utilizadores durante os próximos anos.
A mudança certamente não será fácil, mas foi algo que já verificamos no passado, e cabe sobretudo aos utilizadores terem atenção para garantir que os seus sistemas estão seguros – e sobretudo que exista o conhecimento que nem tudo na vida dura para sempre, o que se aplica também ao Windows.
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