Nos últimos tempos temos vindo a verificar cada vez mais um novo ponto de ataque para os grupos de proteção de direitos de autor, onde a medida agora parece voltar-se diretamente para os sistemas de DNS no que respeita a bloqueios de sites com conteúdos piratas.
Uma das formas mais usadas para contornar bloqueios a sites com conteúdos piratas tende ser a usar serviços de DNS públicos, como o Google DNS ou Cloudflare 1.1.1.1. No entanto, os grupos de defesa dos direitos de autor têm vindo também a apontar o foco a estes serviços, e agora parece que o mais recente será a plataforma da Cloudflare.
No início do ano, um tribunal em Itália teria ordenado a Cloudflare a bloquear três domínios de sites com conteúdo pirata de serem carregados pelo seu serviço de DNS publico, o 1.1.1.1. Em causa encontravam-se três domínios associados com portais de torrents e de conteúdos piratas.
No entanto, o Cloudflare disputou esta medida, alegando que apesar de ser relativamente simples bloquear um site que esteja na internet, quando o processo é feito diretamente sobre um serviço de DNS publico (public resolver) é praticamente impossível de o aplicar apenas a um pais – ou seja, o bloqueio teria de ser aplicado a todos os utilizadores que usam o serviço de DNS da Cloudflare.
Na altura, a Cloudflare afirmava que tal medida poderia causar grandes impactos para todos os utilizadores, uma vez que a medida iria afetar todos os utilizadores da plataforma. A empresa sublinhou ainda que o bloqueio via DNS é uma medida ineficaz, que pode ser facilmente contornada seja com a alteração para outro DNS ou através do uso de plataformas VPN.
No entanto, parece que esta defesa da Cloudflare não terá sido suficiente para apelar do tribunal, que segundo revela o portal TorrentFreak, terá mantido a sua decisão. A empresa ainda pode recorrer da mesma, mas muito possivelmente será obrigada a efetivamente bloquear estes domínios da sua plataforma de DNS do 1.1.1.1.
No entanto, esta medida pode abrir um precedente perigoso não apenas para a Cloudflare, mas para outras entidades que forneçam serviços de DNS públicos. O bloqueio de sites diretamente nestas plataformas pode permitir que seja criado uma nova forma de bloqueio que pode complicar o acesso aos mesmos, ou ser usado em casos mais extremos para censura.
De notar, no entanto, que apesar de este caso ser inédito em Itália, outro similar também aconteceu na Alemanha, onde um tribunal local ordenou a Quad9 a bloquear um site da sua plataforma de DNS – medida que ainda se encontra em apelação.
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