O Linux é frequentemente a escolha para dar nova vida a computadores mais antigos, aproveitando a sua leveza e flexibilidade. No entanto, esta prática poderá enfrentar um obstáculo significativo para máquinas equipadas com processadores i486 ou os primeiros Pentium (referidos como i586). A comunidade de desenvolvimento do kernel Linux está a debater ativamente o fim do suporte a estes chips clássicos, uma ideia que já conta com o apoio do criador do sistema, Linus Torvalds.
Que processadores estão em causa?
A proposta concreta partiu de Ingo Molnar, um dos programadores do kernel, e foca-se especificamente nos processadores Intel 80486 (popularmente conhecidos como 486), que marcaram o final dos anos 80 e início dos 90. A medida abrange também os seus sucessores diretos, os chips i586, mais conhecidos como a primeira geração da linha Pentium, lançada em 1993. Estes processadores foram marcos na computação pessoal, mas a sua relevância no panorama atual é cada vez menor.
Porquê abandonar o suporte?
Esta não é a primeira vez que a remoção do suporte a hardware antigo é considerada pela equipa do Linux. A principal motivação reside na simplificação e otimização do código do kernel. Manter a compatibilidade com estas arquiteturas mais antigas exige esforço contínuo e introduz complexidade desnecessária.
Ingo Molnar salienta que eliminar o suporte aos i486 e i586 permitiria remover mais de 14.000 linhas de código do kernel. Este código, dedicado a emular funcionalidades de hardware específicas destes processadores antigos, raramente é utilizado com as versões modernas do kernel e, por vezes, causa problemas que exigem tempo de resolução, desviando recursos de outras áreas mais prementes.
Nas palavras de Linus Torvalds, citadas por Molnar: "Tenho mesmo a sensação de que é hora de deixar o suporte ao i486 para trás. [...] Não há nenhuma razão real para alguém desperdiçar um segundo de esforço de desenvolvimento com este tipo de problema."
O que significa isto na prática?
É crucial entender que, caso a proposta seja aprovada, isto não implica que estas máquinas se tornem imediatamente inutilizáveis com Linux. Significaria, sim, que as novas versões do kernel Linux deixariam de ser compatíveis. Os utilizadores de hardware i486 ou Pentium original poderiam continuar a usar o Linux, mas teriam de optar por versões mais antigas (legadas) do kernel que ainda oferecem suporte.
Este cenário não é inédito. Em 2012, o Linux já tinha deixado de suportar os processadores i386, ainda mais antigos, pertencentes à década de 1980. Os sistemas com esses processadores podem ainda hoje correr versões antigas do Linux.
Uma decisão em aberto
Por agora, importa sublinhar que o fim do suporte aos processadores i486 e i586 é apenas uma proposta. A discussão continua ativa entre os programadores do kernel Linux, e a decisão final ainda não foi tomada. No entanto, a forte argumentação a favor da simplificação do código e o apoio de figuras chave como Linus Torvalds sugerem que este pode ser, de facto, o fim de uma era para o suporte a estes processadores icónicos no mundo Linux.
Nenhum comentário
Seja o primeiro!