Mais de um ano após a Microsoft ter anunciado os seus planos para começar a lançar jogos em plataformas rivais, parece que a editora atingiu um ponto de viragem notável na PlayStation. A Sony revelou recentemente as suas tabelas mensais dos jogos mais descarregados para a PS5 e, no que diz respeito a abril, os três títulos de topo, tanto na Europa como na América do Norte, são todos provenientes da Microsoft.
Domínio nos tops de abril
Embora não tenham sido partilhados números específicos de vendas, os jogos que encabeçaram as listas foram Minecraft, a remasterização de Oblivion e Forza Horizon 5. Além destes, títulos como Indiana Jones and the Great Circle e Call of Duty: Black Ops 6 também marcaram presença significativa nos gráficos de popularidade.
Este desenvolvimento surge numa altura em que a Xbox acaba de anunciar outra remasterização multiplataforma, o original Gears of War, e antecede o lançamento de Doom: The Dark Ages, previsto já para a próxima semana. O que começou como um tímido gotejar de jogos Xbox na PS5 transformou-se, aparentemente, numa correnteza considerável.
Mudança de paradigma para os gigantes dos videojogos
Esta é, sem dúvida, uma excelente notícia para os jogadores, que passam a ter acesso a grandes lançamentos em mais plataformas. Contudo, reflete igualmente uma alteração gradual, mas firme, na estratégia dos fabricantes de consolas, que historicamente dependiam fortemente de exclusivos para impulsionar a venda de hardware. Embora esta continue a ser, em grande medida, a abordagem da Nintendo – não se espera ver um Mario Kart World fora de uma consola da Nintendo, como a futura Switch 2 – a Microsoft e a Sony têm vindo a explorar outros caminhos.
A Sony, apesar de ainda não ter lançado um jogo "first-party" numa consola concorrente, integrou o PC como uma componente fundamental da sua estratégia atual. Lançamentos de peso como Spider-Man 2 e, em breve, The Last of Us Part II estão a chegar ao PC após a sua estreia na PlayStation. Parte do objetivo, segundo a própria Sony, é utilizar estes lançamentos no PC para, eventualmente, atrair os jogadores de volta para o ecossistema PlayStation.
A estratégia gradual, mas expansiva, da Microsoft
A estratégia da Microsoft tem sido similarmente faseada, mas com um alcance mais vasto. Começou em fevereiro do ano passado com quatro títulos de menor dimensão, como Grounded e Hi-Fi Rush, que chegaram tanto à PS5 como à Nintendo Switch. Na altura, Phil Spencer, o líder da Xbox, afirmou ao The Verge: "Não quero criar uma falsa expectativa nessas outras plataformas de que estes são, de alguma forma, os primeiros quatro a transpor a barragem e que depois a barragem se vai abrir e tudo o resto virá, esse não é o plano hoje. Também não quero enganar os clientes dessas outras plataformas."
Pois bem, parece que a "barragem" cedeu. Grandes lançamentos da Xbox, como Age of Empires e Indiana Jones, já encontraram o seu caminho para a PS5, enquanto jogos futuros como Doom, Gears e The Outer Worlds 2 também têm lançamento previsto para a consola da Sony. É importante notar que nem todos os jogos "first-party" da Xbox foram anunciados para a PS5 – Avowed e South of Midnight permanecem, por agora, exclusivos Xbox, tal como Starfield. No entanto, muitos dos títulos de maior peso, incluindo a icónica série Gears, há muito associada à marca Xbox, estão a fazer a transição.
Experimentação e um futuro multi-ecrã
Fica bastante claro que a Microsoft se encontra ainda numa fase de experimentação, analisando o desempenho de diferentes géneros de jogos em diversas plataformas. À medida que a venda de hardware, cada vez mais dispendioso, se torna um foco menor para a editora, o sucesso comercial destes jogos em múltiplas plataformas assume uma importância crucial. No ano passado, quando esta iniciativa dava os seus primeiros passos, Spencer referiu que o objetivo a longo prazo era "um futuro onde cada ecrã é uma Xbox". A avaliar pelas atuais tabelas de vendas, parece que essa visão agora inclui, de forma proeminente, a PlayStation.
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