O Spotify tinha anunciado, durante a semana de 5 a 9 de maio de 2025, planos para começar a exibir publicamente o número de reproduções em todos os podcasts disponíveis na sua plataforma. A intenção declarada pela empresa era a de "ajudar a atrair novos fãs". No entanto, esta medida rapidamente gerou uma onda de críticas por parte dos podcasters.
Marcha-atrás após forte contestação
Os criadores de conteúdo expressaram preocupação, argumentando que esta funcionalidade iria, na prática, promover ainda mais os podcasts que já gozam de grandes audiências. Em contrapartida, os programas mais pequenos e de nicho poderiam tornar-se menos apelativos para potenciais novos ouvintes, que poderiam ser influenciados por números de popularidade mais baixos. Perante a controvérsia instalada, o Spotify decidiu reavaliar e alterar os seus planos na passada sexta-feira, dia 9 de maio de 2025.
Apesar do recuo, a empresa não abandonou completamente a ideia de mostrar as contagens. Em vez disso, ajustou-a significativamente. De acordo com a nova abordagem, as contagens de reprodução apenas serão visíveis em podcasts que atinjam um mínimo de 50.000 reproduções. Adicionalmente, em vez de apresentar um número exato de audições, a plataforma passará a indicar apenas marcos específicos alcançados, como por exemplo, 100.000 ou 1 milhão de reproduções. "Planeamos lançar esta nova versão evoluída das contagens de reprodução durante a próxima semana [referindo-se à semana de 19 a 23 de maio de 2025]", comunicou a empresa numa publicação no seu blogue oficial. "Esta atualização reflete os nossos esforços contínuos para fornecer as melhores informações para os criadores e uma experiência clara para os seus fãs."
O debate: transparência vs. oportunidade para todos
Historicamente, as plataformas de alojamento de podcasts têm sido reservadas quanto à partilha pública de indicadores detalhados sobre a popularidade de um programa. O Apple Podcasts, por exemplo, embora disponibilize avaliações de utilizadores e tabelas de classificação na sua aplicação, não permite que um ouvinte comum saiba facilmente se um determinado podcast tem uma audiência na casa das dezenas ou das dezenas de milhares.
O Spotify defende que esta ambiguidade pode ser prejudicial para a descoberta de conteúdo. No entanto, muitos criadores foram atraídos para o meio do podcasting precisamente pela sua natureza distinta de outras formas de media online. Ao clicar para ver um vídeo no YouTube, por exemplo, o utilizador é imediatamente confrontado com o número de visualizações e de subscritores do canal, o que pode influenciar a sua perceção. O podcasting, por outro lado, tem sido visto como um campo que pode oferecer condições mais equitativas para criadores de conteúdo mais especializados ou de nicho.
Afinal, o que define uma "reprodução"?
Outro ponto de discórdia e frustração frequente entre os podcasters reside na ausência de uma métrica clara e universalmente aceite para definir o que constitui uma "reprodução" ou uma "audição" nas diversas plataformas existentes.
O Interactive Advertising Bureau (IAB), uma organização que estabelece padrões para a indústria da publicidade digital, tem trabalhado com as plataformas de podcast para tentar estabelecer uma métrica consensual para a definição de "reprodução". O objetivo é criar maior consistência e transparência, facilitando os acordos comerciais entre podcasters e anunciantes. Contudo, de acordo com informações do site especializado Podnews, a definição do que é contabilizado como uma "reprodução" varia entre o Spotify e o YouTube – duas das mais populares plataformas de escuta de podcasts – e o padrão recomendado pelo IAB.
O Spotify clarificou, neste contexto, que as suas contagens de reprodução irão refletir o número de vezes que "as pessoas tentaram ativamente" aceder ao conteúdo. Por outro lado, as audições (streams) e as transferências (downloads) de episódios só são efetivamente contabilizadas após 60 segundos de interação com o respetivo conteúdo.
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