A criminalidade na dark web sofreu um revés significativo com a "Operação RapTor", uma ação policial internacional que culminou na detenção de 270 suspeitos. A operação, coordenada pela Europol, visou vendedores e compradores de dez países, resultando também na apreensão de uma quantia avultuosa em dinheiro e criptomoedas, além de drogas e armas.
Um duro golpe no submundo digital
As autoridades de nações da Europa, América do Sul, Ásia e dos Estados Unidos uniram forças nesta investida, conseguindo confiscar mais de 184 milhões de euros (o equivalente a cerca de 207 milhões de dólares) em numerário e ativos digitais. Para além dos valores monetários, foram apreendidas mais de duas toneladas de substâncias ilícitas – incluindo anfetaminas, cocaína, cetamina, opioides e canábis – e mais de 180 armas de fogo. A Europol destacou, num comunicado divulgado esta quinta-feira, que a "Operação RapTor" desmantelou redes envolvidas no tráfico de drogas, armas e produtos contrafeitos, enviando "um sinal claro aos criminosos que se escondem por detrás da ilusão do anonimato".
O rasto dos mercados ilegais
A identificação dos suspeitos, muitos dos quais com ligações a milhares de transações em plataformas ilícitas, foi possível graças à recolha de informações e dados de inteligência obtidos após o encerramento de diversos mercados na dark web. Entre estes contam-se nomes como Nemesis, Tor2Door, Bohemia e Kingdom Market.
Detenções espalhadas pelo globo
A maioria das prisões ocorreu nos Estados Unidos, com 130 detidos. Seguiram-se a Alemanha (42), o Reino Unido (37), França (29) e a Coreia do Sul (19). Foram ainda efetuadas 13 outras detenções nos Países Baixos, Áustria, Brasil, Espanha e Suíça, demonstrando o alcance global da operação.
A dark web não é inalcançável
Edvardas Šileris, Diretor do Centro Europeu de Cibercrime da Europol (EC3), reforçou a mensagem: "A Operação RapTor mostra que a dark web não está fora do alcance das autoridades policiais". Acrescentou ainda que "através de uma cooperação estreita e da partilha de informações, agentes em quatro continentes identificaram e detiveram suspeitos, enviando uma mensagem clara àqueles que pensam que se podem esconder nas sombras. A Europol continuará a trabalhar com os nossos parceiros para tornar a internet mais segura para todos."
Investigação continua e um historial de operações
O trabalho das autoridades não termina aqui. A equipa JCODE (Joint Criminal Opioid and Darknet Enforcement) do Departamento de Justiça dos EUA e o EC3 da Europol continuam a analisar provas recolhidas em operações anteriores para identificar e capturar outros suspeitos ligados a crimes na dark web. Esta ação conjunta segue-se a outras operações de grande envergadura, como a "Operation SpecTor" em 2023, que levou à detenção de 288 indivíduos e à apreensão de 50,8 milhões de euros (cerca de 55,9 milhões de dólares). Recordam-se também a "DisrupTor" em 2020, com 179 detidos, e a "Operation Dark HunTOR", que resultou na captura de mais 150 grandes vendedores da darknet. Em abril de 2022, uma ação conjunta entre a polícia alemã e autoridades norte-americanas encerrou o Hydra, na altura o maior mercado da dark web dedicado à venda de drogas e lavagem de dinheiro, com mais de 19.000 contas de vendedores e servindo mais de 17 milhões de clientes a nível mundial.
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