A Glitch, a conhecida plataforma de programação onde programadores podem partilhar e recriar projetos, está prestes a descontinuar uma das suas funcionalidades mais centrais: o alojamento de aplicações na web. Numa comunicação divulgada esta quinta-feira, Anil Dash, CEO da Glitch, anunciou que a plataforma deixará de alojar projetos e encerrará os perfis de utilizador a partir de 8 de julho de 2025. No entanto, Dash não chegou a afirmar que se trata de um encerramento completo da plataforma.
Os utilizadores poderão continuar a aceder ao seu painel de controlo (dashboard) e a descarregar o código dos seus projetos até ao final de 2025. Adicionalmente, a Glitch está a desenvolver uma nova funcionalidade que permitirá aos utilizadores redirecionar os subdomínios dos seus projetos. A plataforma também já suspendeu novas subscrições Pro, mas garante que as subscrições existentes serão honradas até à data limite de 8 de julho de 2025.
O que realmente vai mudar para os utilizadores da Glitch?
Sem estas funcionalidades chave, o futuro da Glitch torna-se incerto. Quando contactado pelo The Verge para obter esclarecimentos, Anil Dash indicou que o painel de controlo, os redirecionamentos de aplicações e as ferramentas de descarga de código são as "únicas funcionalidades para utilizadores cuja disponibilidade confirmámos" após 8 de julho de 2025. "Qualquer outra coisa que tenhamos para partilhar virá numa atualização futura, mas, por agora, é apenas este conjunto muito minimalista de funcionalidades", acrescentou.
Isto significa que a capacidade de manter aplicações a correr diretamente na infraestrutura da Glitch, uma das suas características mais distintivas e que facilitava a partilha e experimentação rápidas, irá desaparecer. Os programadores terão de encontrar alternativas para alojar os seus projetos ativos.
Subscrições Pro suspensas e um futuro minimalista
A paragem na aceitação de novas subscrições Pro é um sinal claro da reestruturação em curso. Embora os atuais subscritores Pro mantenham os seus benefícios até julho de 2025, a ausência de novas adesões levanta questões sobre o modelo de sustentabilidade da Glitch a longo prazo, caso mantenha alguma operacionalidade para a comunidade.
A visão de Dash aponta para um conjunto de ferramentas mais limitado, focado na gestão e exportação de código existente, em vez da plataforma dinâmica de desenvolvimento e alojamento que muitos conheciam.
Os motivos por detrás desta grande mudança
Na publicação de blog que anuncia estas alterações, disponível no blog oficial da Glitch, Anil Dash explicou que o tempo e o dinheiro necessários para alojar aplicações "aumentaram consideravelmente à medida que a plataforma envelheceu e que agentes maliciosos tentam utilizar indevidamente a plataforma". Contudo, em declarações ao The Verge, Dash também mencionou que a equipa "ainda está a estudar que planos poderão ser possíveis para a Glitch e a sua comunidade no futuro".
Estes fatores indicam uma pressão económica e de segurança que tornou o modelo atual de alojamento insustentável para a empresa.
O percurso da Glitch e a aquisição pela Fastly
Anil Dash lançou a Glitch em 2017, quando esta ainda operava sob a Fog Creek Software. Mais tarde, em 2022, a plataforma foi adquirida pela Fastly, um conhecido fornecedor de serviços na nuvem. Esta aquisição gerou expectativas sobre a integração e o futuro da Glitch, com muitos a anteciparem um reforço da sua infraestrutura.
A decisão de descontinuar o alojamento surge, assim, como uma surpresa para parte da comunidade, que agora aguarda para perceber qual será o próximo capítulo da Glitch sob a alçada da Fastly e se as ferramentas remanescentes serão suficientes para manter o espírito colaborativo que caracterizou a plataforma.
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