Se é daqueles utilizadores que recorria a uma VPN para contornar os preços regionais e conseguir subscrições a valores mais simpáticos na Google Play, ou conhece quem o fizesse, saiba que a Google está prestes a pôr um ponto final nessa prática. A empresa anunciou que vai começar a detetar e bloquear ativamente este método.
A decisão não surge propriamente como uma surpresa, visto que os termos de serviço da Google Play são claros ao não permitir que os utilizadores alterem a sua região ou país com o intuito de beneficiar de preços mais baixos. Era uma questão de tempo até a Google tomar medidas mais assertivas, e esse momento chegou, conforme confirmado pela gigante tecnológica durante a sua conferência Google I/O 2025.
O fim anunciado do "esquema" da VPN na Google Play
Vivemos numa era onde praticamente tudo funciona à base de subscrições, desde os serviços de streaming de vídeo e música até aplicações que, há uns anos, seriam adquiridas através de um pagamento único. Até aplicações de fotografia, por exemplo, já nos tentam cativar com modelos de subscrição mensal ou anual.
Este panorama leva muitos utilizadores a procurar formas de minimizar custos, mesmo que isso implique recorrer a métodos que não estão totalmente alinhados com as diretrizes das plataformas. O "truque" de utilizar uma VPN para simular estar noutra região e assim aceder a preços mais reduzidos é um exemplo bem conhecido. Contudo, a Google está determinada a acabar com esta artimanha.
Numa das conferências da Google I/O 2025, a empresa revelou que irá expandir significativamente os seus sistemas de arbitragem de preços locais e proteções contra fraudes a um número muito maior de países. Segundo reportado pelo Android Authority, a Google passará a detetar e a bloquear automaticamente as tentativas de subscrição que se aproveitem de preços destinados a outras geografias.
Google defende: uma questão de justiça para programadores e regiões
A questão de contornar os preços regionais através de VPNs é complexa. Se por um lado beneficia quem consegue pagar menos, por outro pode, no limite, prejudicar os utilizadores das regiões com preços ajustados. A Google argumenta que, ao apertar o cerco a esta prática, os programadores sentir-se-ão mais confiantes para oferecer preços localizados e competitivos, sem o receio de verem as suas receitas diminuídas por utilizadores que exploram estas diferenças regionais.
A empresa acredita que esta medida poderá incentivar os programadores a manterem ou até expandirem a prática de ajustar os preços à realidade económica de cada país, o que, teoricamente, beneficiaria os consumidores locais dessas mesmas regiões. Para além disso, a Google anunciou também ter reforçado as suas proteções contra o abuso dos períodos de teste gratuitos em aplicações. Desta forma, os programadores passam a ter um maior controlo sobre as restrições de pagamento baseadas na localização.
Mais poder para os developers, mas a "febre" das subscrições não abranda
Embora a exploração dos preços localizados possa, de facto, distorcer o mercado e prejudicar quem reside em regiões com menor poder de compra, é inegável que a normalização das subscrições para quase todo o tipo de software e serviços se tornou, por si só, um fardo para muitos utilizadores. A procura por alternativas mais económicas ou gratuitas é uma consequência natural deste modelo de negócio cada vez mais omnipresente.
Resta agora aguardar para ver o impacto real destas novas medidas da Google e como o mercado de aplicações e subscrições se irá adaptar.
Nenhum comentário
Seja o primeiro!