As ações da Tesla (TSLA) sofreram uma queda abrupta de mais de 50 pontos, num dia negro para a fabricante de veículos elétricos. A principal causa para esta descida acentuada parece ser uma zanga pública e intensa entre o CEO da empresa, Elon Musk, e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. A troca de acusações levou a uma perda de capitalização de mercado superior a 100 mil milhões de dólares, refletindo a crescente preocupação dos investidores com a instabilidade gerada pelo seu CEO.
Esta volatilidade não é nova para a Tesla, mas o recente conflito expõe a vulnerabilidade da empresa aos caprichos e relações políticas de Elon Musk.
De aliados a inimigos: a montanha-russa da relação Musk-Trump
A relação entre Elon Musk e Donald Trump tem sido uma verdadeira montanha-russa para os investidores. Após a eleição de Trump, a cotação da Tesla disparou, com o mercado a antecipar que o apoio público e financeiro de Musk à campanha republicana se traduziria em benefícios e contratos vantajosos para as suas empresas. Musk chegou mesmo a assumir um papel consultivo na Casa Branca.
Contudo, o otimismo inicial foi-se desvanecendo. A realidade de tarifas prejudiciais à economia, legislação desfavorável aos veículos elétricos e o favorecimento contínuo da indústria dos combustíveis fósseis pela administração Trump deixaram claro que a aliança não traria os frutos esperados. A própria imagem da Tesla foi afetada negativamente pelas polémicas ações e declarações de Musk.
A discussão que incendiou o mercado
A recente "guerra" pública foi despoletada pela oposição veemente de Musk a uma nova proposta orçamental do partido Republicano. Numa série de publicações na sua rede social, X, Musk classificou a proposta como desastrosa para o défice dos EUA, apelando à sua rejeição.
A resposta de Trump não se fez esperar. O ex-presidente afirmou que Musk estava apenas frustrado com o corte nos créditos fiscais para veículos elétricos, dos quais a Tesla foi a principal beneficiária. A troca de palavras escalou rapidamente, com Musk a reivindicar ter sido pessoalmente responsável pela vitória eleitoral de Trump e a acusá-lo de "ingratidão".
O conflito atingiu o clímax com ameaças mútuas: Trump sugeriu que o governo poderia poupar milhares de milhões ao terminar todos os contratos e subsídios com as empresas de Musk, como a SpaceX. Em resposta, Musk ameaçou desativar imediatamente a cápsula Dragon, essencial para as missões da NASA à Estação Espacial Internacional, e acusou Trump de estar envolvido em vários escândalos.
Investidores penalizam a instabilidade e o "fator Musk"
A reação do mercado foi imediata e severa. A queda abrupta das ações sugere que os investidores estão a retirar da equação o "prémio de corrupção", ou seja, a expectativa de que a proximidade de Musk ao poder político se traduziria em ganhos financeiros para a Tesla.
Este episódio sublinha, mais uma vez, a enorme vulnerabilidade da Tesla aos impulsos do seu controverso CEO. Nos últimos meses, as decisões de Musk têm sido erráticas, desde despedimentos em massa de equipas importantes, ao cancelamento do aguardado modelo de carro mais acessível, passando por desviar recursos da Tesla para a sua empresa privada de inteligência artificial, a xAI.
As suas polémicas posições políticas e sociais têm provocado protestos e afastado potenciais clientes. Agora, os investidores têm mais um fator de risco a considerar: uma guerra aberta com figuras políticas influentes que pode resultar em retaliações diretas contra os negócios de Musk. De acordo com uma sondagem relâmpago da YouGov, a opinião pública não parece favorecer nenhum dos lados, com a maioria dos inquiridos a afirmar não apoiar nem Musk nem Trump neste conflito.
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