Na edição deste ano da sua conferência para programadores, a Worldwide Developers Conference (WWDC 25), a Apple revelou uma série de atualizações para os seus sistemas operativos, serviços e software. Entre as novidades destacam-se um novo visual que a empresa apelidou de “Liquid Glass” e uma convenção de nomes renovada. No entanto, a gigante de Cupertino manteve-se notavelmente silenciosa sobre um dos produtos mais aguardados: uma Siri mais personalizada e alimentada por Inteligência Artificial (IA), que tinha sido introduzida na conferência do ano passado.
A ausência foi sentida e a confirmação do atraso veio pela voz de Craig Federighi, Vice-Presidente Sénior de Engenharia de Software da Apple. Durante a apresentação principal, Federighi mencionou o projeto de forma breve, afirmando que o trabalho necessitava de "mais tempo para atingir o nosso elevado padrão de qualidade" e que esperavam partilhar mais novidades "no próximo ano". Esta declaração sugere que não haverá notícias concretas antes de 2026, um atraso significativo na era da IA, onde a inovação avança a um ritmo alucinante.
A promessa adiada que deixa um vazio
Anunciada pela primeira vez na WWDC 24, a Siri mais personalizada prometia ser o "próximo grande passo para a Apple". A assistente virtual, integrada no iPhone e noutros dispositivos da marca, seria capaz de compreender o "contexto pessoal" do utilizador, como as suas relações, comunicações e rotinas, além de permitir a execução de ações dentro e entre aplicações de forma mais útil e integrada.
O adiamento levanta questões sobre a capacidade da Apple de competir no setor da IA, onde rivais como a Google, OpenAI e Anthropic têm apresentado avanços constantes.
O que correu mal com a "nova" Siri?
Apesar de funcional, a nova versão da Siri parece sofrer de problemas de consistência. De acordo com uma reportagem da Bloomberg, a assistente com IA só funcionava como esperado em dois terços das tentativas, uma taxa de sucesso considerada inviável para um lançamento público.
Em março, a Apple já tinha anunciado oficialmente o adiamento, admitindo que a atualização levaria mais tempo do que o previsto. A situação levou a uma remodelação na liderança do projeto: John Giannandrea, Vice-Presidente Sénior de Estratégia de Aprendizagem Automática e IA, foi retirado do projeto Siri, sendo substituído por Mike Rockwell, que anteriormente liderou o desenvolvimento do Vision Pro. Esta mudança drástica indicou uma tentativa da empresa de corrigir o rumo após tropeçar num lançamento de grande importância.
Parcerias e outras novidades para compensar
Para tentar colmatar a falha e diminuir a distância para a concorrência, a Apple estabeleceu uma parceria com a OpenAI. Quando a Siri não consegue responder a uma pergunta, pode agora direcionar o pedido para o ChatGPT. Com o lançamento do futuro iOS 26, esta integração será expandida, com a aplicação de geração de imagens da Apple, a Image Playground, a utilizar também o ChatGPT.
Apesar do contratempo com a Siri, a Apple não deixou de apresentar outras promessas no campo da IA na WWDC 25. As novidades incluem:
- Acesso para programadores aos modelos de base on-device.
- Tradução em tempo real.
- Melhorias nos Genmoji e na Visual Intelligence.
- Um "Workout Buddy" com IA para o Apple Watch.
- Integração de IA no Xcode.
- Uma versão atualizada e alimentada por IA da aplicação Atalhos para automação de tarefas.
Ainda assim, a ausência da renovada Siri no palco principal da WWDC deixa um sentimento de que, embora a Apple esteja a dar passos em várias frentes da IA, o seu produto central nesta área continua a ser o seu maior desafio.
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