Numa aliança que está a abalar o mundo da tecnologia, a OpenAI, criadora do ChatGPT, assinou um acordo para utilizar os serviços de computação na nuvem da sua rival direta, a Google. A notícia, avançada pela Reuters, confirma que a gigante da inteligência artificial procura desesperadamente diversificar as suas fontes de poder computacional, afastando-se da exclusividade que mantinha com a Microsoft.
A fome por computação leva a alianças inesperadas
A decisão da OpenAI não surge do nada. A empresa tem enfrentado sérios constrangimentos na sua capacidade de computação, um problema que o próprio CEO, Sam Altman, admitiu ter causado atrasos no lançamento de vários produtos. Até janeiro, a Microsoft Azure era a fornecedora exclusiva dos centros de dados que alimentam os modelos da OpenAI.
Contudo, a necessidade de mais "músculo" computacional levou a uma mudança de estratégia. O primeiro passo foi um acordo avaliado em quase 12 mil milhões de dólares com a CoreWeave, em março. Agora, a parceria com a Google Cloud solidifica esta nova abordagem multi-cloud, mostrando que, para a OpenAI, o acesso a infraestruturas de ponta é mais importante do que as rivalidades do mercado.
O que significa para a Google e a Microsoft?
Para a Google, este acordo é uma vitória estrondosa. Trazer a OpenAI, cuja tecnologia ChatGPT representa a maior ameaça ao seu domínio nas pesquisas em anos, para a sua plataforma de nuvem é um golpe de mestre. Não só irá gerar receitas massivas para a Google Cloud — que faturou 43 mil milhões de dólares no ano passado —, como também pode ser visto como um sinal de apaziguamento entre as duas gigantes da IA.
Do lado da Microsoft, a situação é mais complexa. Embora o Azure deixe de ser o anfitrião exclusivo, a parceria com a OpenAI está longe de terminar. As duas empresas continuam a depender uma da outra e estão atualmente a renegociar os termos da sua aliança, o que poderá implicar uma revisão da participação acionista que a Microsoft detém na criadora do ChatGPT.
Um elefante na sala: terá a Google capacidade para o desafio?
A ironia desta nova aliança é que a própria Google tem enfrentado dificuldades para satisfazer a procura pelos seus serviços na nuvem. Com a chegada de um cliente tão exigente como a OpenAI, a pressão sobre os seus centros de dados irá aumentar exponencialmente. A grande questão que paira no ar é se a OpenAI terá acesso prioritário em detrimento de outros clientes já existentes.
Enquanto isso, a OpenAI continua a prosperar financeiramente. A empresa anunciou recentemente que a sua taxa de adoção de software a coloca numa trajetória para alcançar uma receita anual de 10 mil milhões de dólares já em junho. Com uma meta de cerca de 12 mil milhões para este ano, parece que a OpenAI tem o capital necessário para financiar esta expansão ambiciosa, mesmo que para isso tenha de fazer acordos com os seus maiores concorrentes.
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