Se nos últimos tempos tem sido marcado em publicações ou seguido por contas estranhas no Instagram, não está sozinho. Uma vaga de perfis dedicados a promover o "Fortune Tiger", mais conhecido como o "Jogo do Tigre", tem vindo a inundar a rede social, gerando um rasto de queixas e perdas financeiras consideráveis para muitos utilizadores. Apesar da fama impulsionada por influenciadores digitais, por detrás das promessas de ganhos fáceis esconde-se uma realidade bem mais sombria.
Uma praga de spam no Instagram
Utilizadores de todo o mundo, incluindo Portugal, têm reportado um aumento massivo de atividade suspeita no Instagram. As contas que promovem o "Jogo do Tigre" seguem um padrão facilmente identificável: nomes de utilizador aleatórios e repletos de códigos, uma imagem de perfil com um tigre e uma estratégia agressiva que envolve seguir milhares de pessoas, na esperança de atrair alguns seguidores de volta.
Estas contas, frequentemente privadas ou sem qualquer publicação, prometem bónus em dinheiro e afirmam que milhares de pessoas já enriqueceram com o jogo. Contactada pelo portal de notícias brasileiro g1, a Meta (empresa-mãe do Instagram) reforçou o seu compromisso em limitar a propagação de spam e recomendou que os utilizadores denunciem todos os perfis que violem as políticas da plataforma.
Afinal, o que é o Fortune Tiger?
O "Jogo do Tigre" é, na sua essência, um casino online disfarçado de jogo simples e cativante. O objetivo é conseguir uma combinação de três figuras idênticas nas três linhas que surgem no ecrã. A sua popularidade, especialmente no Brasil, explodiu devido a uma forte campanha de marketing envolvendo inúmeros influenciadores digitais, que partilhavam alegadas táticas para garantir o sucesso.
No entanto, a promessa de ganhos astronómicos raramente se concretiza, com a maioria dos jogadores a relatar perdas significativas.
Promessas de luxo e um esquema criminoso no Brasil
A dimensão do problema tornou-se evidente em dezembro de 2023, quando a Polícia Civil do Maranhão, no Brasil, lançou uma operação para investigar um complexo esquema criminoso em torno do jogo. A investigação foi motivada pelo crescente número de lesados e pelos lucros exorbitantes obtidos por influenciadores que promoviam ativamente o "Fortune Tiger".
Não é só o Tigre: outros jogos com queixas semelhantes
O "Fortune Tiger" está longe de ser um caso isolado. O mercado de jogos de azar online está repleto de alternativas que seguem uma fórmula semelhante de promessas irrealistas, resultando na frustração dos utilizadores. Entre os mais conhecidos, encontram-se:
- Spaceman, Aviator, JetX (Jogos "Crash"): Nestes jogos, o utilizador aposta num multiplicador que sobe continuamente, representado por um avião ou astronauta. O objetivo é retirar a aposta antes que o elemento visual "crashe" (desapareça), momento em que a aposta é perdida.
- Mines: Num tabuleiro com 25 casas, o jogador tem de encontrar estrelas e evitar as minas. A cada ronda, o jogador define o valor da aposta e o nível de dificuldade (número de minas).
As queixas sobre estes jogos são recorrentes. No portal de queixas brasileiro, um jogador de Campinas (SP) relatou ter perdido 10 rondas seguidas no Mines, mesmo tendo configurado o jogo para o nível mais fácil, com apenas 4 minas em 25 espaços. "Parece que é programado para perder", desabafou.
Os influenciadores que agora enfrentam a justiça
A investigação no Brasil resultou em acusações formais contra vários criadores de conteúdo. Os visados enfrentam uma lista extensa de crimes, que incluem integração em organização criminosa, lavagem de dinheiro, estelionato e exploração de jogos de azar. A lista de réus inclui nomes como Victoria Haparecida de Oliveira Roza, Milena Peixoto Sampaio, Janisson Moura Santos, entre outros, evidenciando a gravidade e a escala do esquema montado para lesar milhares de pessoas.
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