Um grupo de ciberespionagem associado ao governo chinês, conhecido como Salt Typhoon, foi identificado como o responsável por uma série de ataques informáticos contra empresas de telecomunicações no Canadá. A informação foi confirmada pelo governo canadiano e pelo FBI, que emitiram um alerta sobre a crescente ameaça.
Num comunicado conjunto divulgado na passada sexta-feira, as autoridades revelaram que a campanha maliciosa está ativa e que os ataques deverão persistir. O objetivo principal parece ser a recolha de informações estratégicas, caracterizando uma operação de espionagem em larga escala.
Routers da Cisco como porta de entrada
Os detalhes técnicos do ataque mostram um método de infiltração sofisticado. Em pelo menos um dos incidentes, ocorrido em meados de fevereiro de 2025, os atacantes manipularam três routers da Cisco pertencentes a uma operadora canadiana não identificada.
Através desta manipulação, o grupo Salt Typhoon conseguiu criar um túnel de comunicação secreto que lhes permitiu recolher tráfego da rede da empresa de forma furtiva. As investigações sugerem que o âmbito dos alvos deste grupo é significativamente mais vasto, não se limitando apenas ao sector das telecomunicações.
Salt Typhoon: um historial de espionagem global
O grupo Salt Typhoon não é um ator novo no panorama da cibersegurança. Ativo pelo menos desde o final de 2024, já tinha como alvo gigantes das telecomunicações e fornecedores de internet nos Estados Unidos. Mais recentemente, os seus ataques expandiram-se para incluir empresas de alojamento de centros de dados.
A campanha de espionagem parece ter um objetivo claro: recolher informações sobre altos funcionários do governo norte-americano. Analistas de segurança acreditam que o Salt Typhoon é um de vários grupos ligados a Pequim que poderão estar a preparar o terreno para um cenário de futuro conflito, como uma potencial invasão de Taiwan, prevista por alguns especialistas para ocorrer até 2027.
Ameaça persistente para os próximos anos
O alerta emitido pelas autoridades canadianas e pelo FBI não deixa margem para dúvidas quanto à continuidade da ameaça. O documento afirma que é "quase certo" que o grupo persistirá nos seus esforços para atacar organizações canadianas "ao longo dos próximos dois anos".
Este aviso sublinha a natureza persistente das operações de ciberespionagem patrocinadas por estados e serve como um forte lembrete para que as empresas de infraestruturas críticas reforcem as suas defesas contra este tipo de ameaças sofisticadas e contínuas.
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