A Raleigh, uma marca britânica com mais de 130 anos de história no ciclismo, está a pedalar rumo ao futuro com o lançamento da sua mais recente criação: a Raleigh ONE. Apresentada oficialmente hoje, esta e-bike inteligente e minimalista foi desenhada a pensar no mercado de mobilidade urbana europeu, prometendo ser "a única e-bike de que precisará na cidade". A notícia, avançada pelo Electrek, revela uma bicicleta que funde o design clássico com tecnologia de ponta, mas introduz um elemento que promete gerar discussão: um modelo de subscrição para desbloquear as suas melhores funcionalidades.
Uma e-bike com ADN clássico e coração moderno
À primeira vista, a Raleigh ONE exibe um estilo intemporal, com um quadro de tamanho único e uma única velocidade, ideal para as deslocações citadinas. No entanto, o seu interior está recheado de tecnologia moderna. A bicicleta é alimentada por um motor de cubo traseiro de 250W da Mivice, conhecido pela sua sofisticação e suavidade, que permite atingir a velocidade máxima assistida de 25 km/h, em conformidade com as regulações europeias.
A energia provém de uma bateria removível de 360Wh, que oferece uma autonomia de até 80 km em modo "eco" e cerca de 50 km em modo "boost". Um dos pontos de destaque é o seu carregamento rápido: 50% da bateria em apenas uma hora e uma carga completa em pouco mais de duas horas.
Para garantir uma manutenção reduzida e uma utilização limpa, a Raleigh optou por uma correia de transmissão em carbono da Gates, eliminando a necessidade de óleo. A segurança na travagem é assegurada por travões de disco hidráulicos, enquanto a iluminação totalmente integrada, com luzes traseiras envolventes e um feixe duplo frontal, garante a visibilidade a qualquer hora.
Conectividade total, mas algumas funcionalidades ficam trancadas
O grande foco da Raleigh ONE é a conectividade. Através de uma nova aplicação para telemóvel, que se conecta à bicicleta através de um suporte SP Connect integrado, o utilizador tem acesso a um verdadeiro centro de controlo digital. Funcionalidades como o desbloqueio automático ao aproximar-se, o registo de viagens, um alarme anti-roubo e a localização por GPS são algumas das valências.
Contudo, a Raleigh inspirou-se no modelo de negócio das grandes empresas de tecnologia. Embora a bicicleta venha equipada com todo o hardware, o acesso a algumas das funcionalidades mais avançadas de segurança e partilha está dependente de uma subscrição mensal.
O controverso modelo de subscrição
A marca oferece três níveis de acesso, dando ao utilizador a escolha de quanto quer pagar para "desbloquear" o potencial da sua própria bicicleta:
Base (gratuito): Inclui as funcionalidades essenciais, como o painel de controlo da viagem, "segurança básica", atualizações via Bluetooth e um modo de roubo ativado manualmente.
Core (€7,99/mês): Adiciona a ativação automática do modo de roubo, manutenção inteligente e a possibilidade de partilhar o acesso digital com mais uma pessoa.
Icon (€14,99/mês): O pacote completo, que inclui tudo o que os outros oferecem, mais atualizações "over-the-air", partilha de acesso com até quatro pessoas, ativação remota do alarme e um seguro completo fornecido pela Hepster.
Para incentivar a adesão, a Raleigh oferece um período experimental de 30 dias do plano Icon, uma estratégia clara para demonstrar o valor das funcionalidades pagas.
Preço e posicionamento no mercado
Com um preço de lançamento de 2.699 €, a Raleigh ONE posiciona-se de forma competitiva no segmento de e-bikes urbanas premium, competindo com marcas como a VanMoof. O valor inclui o carregamento rápido, as luzes integradas e todo o ecossistema anti-roubo, mesmo que algumas funções exijam pagamento extra.
Uma das grandes vantagens da Raleigh sobre muitas startups que operam exclusivamente online é a sua vasta rede de revendedores e o serviço pós-venda, um fator de confiança para muitos consumidores. Selin Can, vice-presidente executiva de Mobilidade do Accell Group (a empresa-mãe da Raleigh), descreve a ONE como "uma fusão arrojada de herança e inovação".
Com este lançamento, a Raleigh não está apenas a vender uma bicicleta; está a tentar reinventar-se para uma era de telemóveis, alertas de roubo e mobilidade como serviço. Resta saber se os ciclistas urbanos irão alinhar com a ideia de pagar uma mensalidade para usar todo o potencial de uma bicicleta pela qual já desembolsaram um valor considerável.
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