As subscrições de redes móveis de quinta geração (5G) estão a crescer a um ritmo alucinante e deverão ultrapassar os 2,9 mil milhões em todo o mundo até ao final de 2025. A previsão é avançada pela Ericsson na mais recente edição do seu Ericsson Mobility Report, divulgado esta terça-feira, indicando que esta tecnologia representará perto de um terço de todas as assinaturas móveis a nível global.
As projeções indicam que, até ao final de 2030, o número de subscrições 5G atingirá os 6,3 mil milhões, uma estimativa que se mantém alinhada com os dados divulgados pela empresa em novembro.
O 5G vai dominar o tráfego móvel
Se em 2024 as redes 5G foram responsáveis por 35% de todo o tráfego de dados móveis, as previsões apontam para um salto massivo para 80% nos próximos cinco anos. O relatório destaca ainda a contínua expansão do consumo de dados.
"O tráfego de dados da rede móvel aumentou 19% entre o primeiro trimestre de 2024 e o período homólogo em 2025", pode ler-se no documento. "Apesar da taxa de crescimento em declínio, o tráfego líquido adicionado continuará a aumentar anualmente, com a previsão de que o tráfego de dados móveis mais do que duplicará durante o período previsto até ao final de 2030".
Portugal precisa de acelerar para o 5G "puro"
Em entrevista ao ECO, o CEO da Ericsson Portugal, Juan Olivera, deixou um alerta: é crucial que as operadoras nacionais avancem para o chamado 5G 'puro' ou Standalone (SA). Atualmente, apenas a Nos disponibiliza esta tecnologia, que é essencial para desbloquear novos casos de utilização e oferecer uma "conectividade verdadeiramente diferenciada".
Olivera sublinhou o papel do Governo neste processo: “Acreditamos que o Governo desempenha um papel fundamental na aceleração de toda esta transformação, por exemplo, nos serviços críticos”. Para o responsável, a Europa já perdeu as batalhas da computação na nuvem e da inteligência artificial, restando-lhe focar-se na conectividade como pilar da digitalização. "Acredito que nos precisamos de nos focar na conectividade e na forma como o futuro do país, a digitalização de Portugal, da sociedade, dos negócios e das redes críticas dependem da conectividade", defendeu.
Europa em contra-relógio na corrida pela conectividade
A nível europeu, a cobertura populacional da banda média 5G ultrapassou os 50%. Embora este valor coloque o continente na média global, fica muito aquém de mercados pioneiros como a América do Norte, com mais de 90% de cobertura, ou a Índia, que atingiu uns impressionantes 95% no final de 2024.
Ivan Réjon, diretor de Estratégia e Corporate Affairs da Ericsson Europa, defende que a União Europeia tem de repensar as suas apostas estratégicas para não ficar para trás. Usando uma analogia com a indústria automóvel, Réjon afirmou: “A China está há 120 anos a tentar replicar o motor de combustão de um veículo. Não o conseguiu, mas a eletricidade, os veículos elétricos, representaram uma mudança drástica que a tornaram líder num setor de onde esteve sempre fora. Teremos de esperar por outra oportunidade, mas provavelmente não será a cloud ou os semicondutores. Isso significa que temos de deitar a toalha ao chão? Não”.
5G Standalone e FWA são o futuro da monetização
O relatório da Ericsson, com testemunhos de empresas como o grupo britânico BT e a Sony, explica que o 5G SA tem o potencial de criar novas oportunidades de receita para as operadoras, focando-se na entrega de valor e não apenas no volume de dados. Entre os exemplos estão a melhoria drástica do desempenho da internet em locais com grande afluência de público, como estádios ou estações de comboio, e aplicações profissionais como trabalhos de fotojornalismo e transmissões multicâmara.
O estudo concluiu também que 80% dos prestadores de serviços de comunicação já oferecem Acesso Fixo Sem Fios (Fixed Wireless Access - FWA), uma tecnologia que se espera que represente mais de 35% das novas ligações de banda larga fixa, com uma projeção de 350 milhões de ligações até 2030.
Nenhum comentário
Seja o primeiro!