O governo do Reino Unido traçou um ambicioso plano de 2 mil milhões de libras para se consolidar como um líder global em inteligência artificial. No entanto, o enorme consumo de energia exigido pela IA levanta uma questão crítica: conseguirá a rede elétrica nacional suportar esta revolução tecnológica?
A corrida pela energia para a Inteligência Artificial
A explosão da IA representa um desafio energético monumental. Para concretizar o seu Plano de Ação para Oportunidades em IA, o Reino Unido precisa de garantir que a sua rede elétrica consegue suportar um aumento de vinte vezes na capacidade de computação nos próximos cinco anos. O fracasso em alcançar esta meta pode resultar num crescimento mais lento do setor, aumento de custos e uma maior dependência de fontes de energia menos sustentáveis.
Este não é um desafio exclusivo do Reino Unido. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Microsoft estabeleceu um acordo com a Constellation Energy para reativar o reator nuclear de Three Mile Island, precisamente para alimentar a crescente necessidade de energia dos seus centros de dados.
O "AI Energy Council" entra em ação
Para enfrentar este desafio de frente, os secretários de estado da Energia e da Tecnologia do Reino Unido estão a promover a segunda reunião do "AI Energy Council". Este conselho junta à mesma mesa gigantes da tecnologia como a Microsoft, Amazon Web Services e Google, fornecedores de energia, o regulador Ofgem e o Operador do Sistema Energético Nacional (NESO).
O objetivo principal destes encontros é prever as futuras necessidades energéticas, compreender a adoção da IA nos vários setores e garantir que a rede elétrica está preparada para a procura crescente. Desde a primeira reunião em janeiro, o governo tem trabalhado para reformar o processo de ligação à rede. Estas reformas, que ainda aguardam a aprovação final do Ofgem, podem libertar mais de 400 GW de capacidade adicional, um passo vital para alimentar os futuros projetos de IA.
Zonas de Crescimento para IA: os novos polos tecnológicos
Uma das iniciativas mais interessantes do plano britânico é a criação das "AI Growth Zones" (Zonas de Crescimento para IA). Estas serão áreas designadas por todo o país, projetadas para se tornarem focos de desenvolvimento em inteligência artificial.1 O governo acredita que estes novos polos tecnológicos poderão desbloquear milhares de milhões de libras em investimento e criar inúmeros postos de trabalho qualificados fora dos grandes centros como Londres.
Várias autarquias de regiões como Oxfordshire, Bristol, Cambridge, Edimburgo e outras já manifestaram o seu interesse em acolher estas zonas, antecipando a prosperidade que os empregos bem remunerados podem trazer.
Os desafios sociais e económicos no horizonte
Apesar do otimismo, a implementação destas zonas de crescimento acarreta desafios significativos. O governo e as autarquias locais terão de equilibrar o desenvolvimento com o bem-estar dos residentes atuais. Muitas das áreas propostas já enfrentam problemas de pobreza.
Embora a criação de empregos seja positiva, o desenvolvimento pode levar a um aumento da procura por habitação, elevando os preços das rendas e agravando as dificuldades para quem já luta com o custo de vida. Além disso, se a transição não for gerida cuidadosamente, o aumento da procura por energia para alimentar os centros de dados de IA poderá resultar em faturas de eletricidade ainda mais altas para os consumidores britânicos.
As reuniões do "AI Energy Council" são, por isso, um passo fundamental para garantir que a transição para um futuro dominado pela IA seja feita de forma sustentável e equitativa para todos.
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