O mercado de trabalho no Reino Unido está a sofrer uma transformação profunda, impulsionada pela ascensão meteórica da Inteligência Artificial. Desde o lançamento do ChatGPT em 2022, a disponibilidade de empregos de nível inicial sofreu uma quebra abrupta de um terço, segundo novos dados que confirmam os receios de muitos especialistas.
O cenário em números: Adzuna e Indeed confirmam a queda
A investigação, conduzida pelo site de procura de emprego Adzuna, revela uma realidade preocupante. Conforme avança o jornal The Guardian, o mercado de trabalho britânico registou uma diminuição de 32% em novas vagas destinadas a recém-chegados ao mundo profissional. Esta categoria inclui:
Empregos para recém-licenciados
Programas de estágio (apprenticeships e internships)
Posições júnior que não exigem diploma universitário
Esta contração resultou numa diminuição do peso relativo destes empregos no mercado total. Em 2025, as vagas de nível inicial representam apenas 25% do total de empregos no Reino Unido, uma queda de quatro pontos percentuais em comparação com os valores de 2022.
Os dados da Adzuna são consistentes com as observações de outra gigante do setor, a Indeed. Segundo a mesma fonte, os licenciados universitários no Reino Unido enfrentam "o mercado de trabalho mais difícil desde 2018", com as funções anunciadas para recém-graduados a caírem 33% em meados de junho, face ao mesmo período do ano anterior.
O aviso do CEO da Anthropic: "Não se pode parar o comboio"
Estas estatísticas parecem confirmar as previsões de figuras proeminentes do setor tecnológico. Dario Amodei, CEO da Anthropic (uma das empresas líderes em IA), já tinha alertado que a Inteligência Artificial poderia eliminar 50% dos empregos de nível inicial nos próximos cinco anos.
A marcha implacável da IA parece imparável, com empresas de todas as dimensões a evoluírem rapidamente para incorporar mais automação nas suas equipas. A Microsoft, por exemplo, já produz entre 20% a 30% do seu código com recurso a IA, e a Google regista números ainda superiores.
Neste contexto, o aviso de Amodei faz todo o sentido: "Não se pode simplesmente meter-se à frente do comboio e pará-lo". Segundo ele, a única alternativa viável é tentar influenciar a sua trajetória. "O que podemos fazer é guiar o comboio — desviá-lo 10 graus numa direção diferente daquela para onde ia. Isso pode ser feito. É possível, mas temos de o fazer agora", afirmou.
Resta saber como os governos em todo o mundo irão regular a IA para garantir que a fase de aumento do desemprego a curto prazo, que muitas vezes marca o início de uma nova "Revolução Industrial", não tenha um impacto tão severo desta vez.
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