A Tesla continua a sua trajetória descendente, com os resultados do segundo trimestre de 2025 a confirmarem uma nova e acentuada quebra nas vendas. A gigante dos veículos elétricos reportou uma queda de 14% nas entregas de veículos em comparação com o mesmo período do ano passado, um sinal claro das dificuldades que enfrenta num mercado cada vez mais competitivo e num ambiente de crescente controvérsia.
Os números de um trimestre negativo
De acordo com o comunicado oficial do segundo trimestre de 2025, a empresa de Elon Musk produziu um total de 410.244 veículos entre abril e junho. Este número representa uma ligeira diminuição de 0,1% face aos 410.831 veículos produzidos no mesmo trimestre de 2024. A produção dividiu-se entre 396.835 unidades dos populares Model 3 e Model Y, e 13.409 unidades de "outros veículos", que incluem o Model S, Model X e o Cybertruck.
No entanto, o número que mais preocupa os investidores é o das entregas, considerado o principal indicador de vendas para a marca. A Tesla entregou um total de 384.122 veículos, uma descida significativa de 14% em relação às 443.956 unidades entregues no segundo trimestre de 2024. Deste total, 373.728 foram Model 3 e Model Y, e apenas 10.394 foram os restantes modelos. Apesar de superarem ligeiramente as previsões mais pessimistas de analistas como os da UBS e da Barclay, estes números confirmam a tendência de queda iniciada no ano passado, quando a empresa registou a sua primeira quebra homóloga em vendas desde 2020.
Concorrência, política e protestos afetam a marca
Os motivos para esta crise são variados e complexos. A Tesla enfrenta uma concorrência cada vez mais feroz, especialmente de marcas chinesas como a BYD, que continuam a ganhar quota de mercado. A isto soma-se uma estagnação na procura global por veículos elétricos e uma crescente reação negativa às atividades políticas de Elon Musk no seio da administração do Presidente Donald Trump.
O movimento de protesto "The Tesla Takedown", que começou no início deste ano, tem visado centenas de concessionários da Tesla em todo o mundo, com o objetivo de minar ainda mais as vendas da empresa. A reputação de Musk nos EUA sofreu um grande abalo, com a maioria da população a expressar uma opinião negativa sobre o magnata. A sua recente saída do cargo no "Department of Government Efficiency (DOGE)" após um desentendimento com Trump, e as suas alegações exageradas de ter poupado um bilião de dólares ao governo, apenas agravaram a situação.
A nível internacional, o cenário não é mais animador. As vendas da Tesla na Europa registaram cinco meses consecutivos de declínio, e na China a empresa continua a perder terreno para os fabricantes locais.
Agitação interna e um robotáxi que desilude
A instabilidade sente-se também dentro da própria empresa. Na semana passada, Omead Afshar, vice-presidente de produção e um antigo aliado de Musk, deixou a empresa, com alguns relatos a sugerirem que foi despedido. A sua saída segue-se à de Milan Kovac, chefe do projeto do robô humanoide Optimus, no início do mês.
Para piorar, o lançamento do tão aguardado serviço de robotáxi da Tesla revelou-se também um fracasso. Em vez dos veículos "não supervisionados" prometidos por Musk no início do ano, os robotáxis foram postos a circular com monitores de segurança no lugar do passageiro. Vários vídeos do serviço em ação mostraram falhas de segurança graves, incluindo um veículo a cruzar a linha dupla contínua para a faixa de trânsito oposta e a travar bruscamente a meio da estrada sem motivo aparente. Com o renovado Model Y já amplamente disponível e sem conseguir inverter a tendência, o futuro da Tesla parece cada vez mais incerto.
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