A gigante francesa de videojogos, Ubisoft, enfrenta um novo capítulo no seu longo historial de controvérsias, com um tribunal francês a condenar esta quarta-feira três dos seus antigos executivos a penas suspensas. A decisão judicial está relacionada com a criação e manutenção de uma cultura empresarial tóxica, marcada por assédio sexual e psicológico.
Este veredito surge após anos de investigações e processos judiciais movidos por ex-funcionários, que culminaram na detenção de cinco ex-dirigentes da empresa em 2023.
Penas suspensas e multas para os envolvidos
Entre os condenados, o caso mais grave é o de Thomas Francois, antigo vice-presidente editorial. Francois foi sentenciado a uma pena suspensa de três anos, enfrentando não só acusações de permitir a cultura de assédio, mas também uma condenação adicional por tentativa de agressão sexual. Durante o processo, foi alegado que o ex-executivo cometeu inúmeras agressões sexuais no local de trabalho e mantinha um padrão de assédio flagrante.
Outros antigos altos cargos, como o ex-diretor criativo Serge Hascoet e o ex-diretor de jogos Guillaume Patrux, receberam sentenças suspensas mais curtas. Para além das penas, os executivos foram também sujeitos a multas que podem atingir os 35.000 dólares (cerca de 32.700 euros).
Um escândalo que se arrasta há anos
As condenações representam um ponto de viragem num escândalo que começou a ganhar visibilidade há vários anos, com a partilha de relatos anónimos online que denunciavam uma cultura de trabalho tóxica na Ubisoft. A onda de denúncias levou a empresa a iniciar uma investigação interna para apurar os factos.
A saga arrastou-se com múltiplas investigações sobre assédio sexual e vários processos judiciais que expuseram um ambiente de trabalho profundamente problemático no seio de uma das maiores empresas da indústria dos videojogos.
Uma vitória contra o assédio no local de trabalho
Maude Beckers, advogada que representa os queixosos, celebrou as condenações como uma vitória significativa na luta contra o assédio laboral. "Esta é uma decisão muito boa para hoje e para o futuro", afirmou.
A advogada acrescentou que a sentença envia uma mensagem clara a todas as empresas: "Para todas as companhias, significa que, quando existe uma gestão tóxica, os gestores devem ser responsabilizados e os empregadores não podem mais deixar passar em branco."
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