A comunidade de jogadores europeus está a mobilizar-se de forma impressionante, com a petição “Stop Killing Games” a ultrapassar a marca das 900.000 assinaturas. Este movimento, que visa proteger os videojogos da obsolescência programada, aproxima-se a passos largos do seu objetivo e poderá forçar uma mudança legislativa em toda a União Europeia.
O que está em causa com o fim do suporte aos jogos?
Lançada por Ross Scott, a campanha Stop Killing Games questiona a legalidade de uma prática cada vez mais comum na indústria: as editoras venderem jogos que, após o fim do suporte oficial, se tornam completamente injogáveis. Muitos títulos, especialmente os que dependem de servidores online, são vendidos como produtos perpétuos, mas acabam por ter um prazo de validade imposto pela empresa.
Segundo Scott, esta situação é uma “forma de obsolescência programada que não só é prejudicial para os clientes, como torna a preservação dos jogos praticamente impossível”. O problema central é que os consumidores compram um produto na expectativa de o poderem utilizar indefinidamente, apenas para o verem "desligado" remotamente pela editora, sem qualquer tipo de compensação ou alternativa.
O movimento procura estabelecer uma nova lei na UE com objetivos claros para acabar com esta prática:
Assegurar que os jogos vendidos permaneçam num estado funcional mesmo após o término do suporte oficial.
Garantir que, após o fim do suporte, os jogos não exijam qualquer ligação a servidores da editora ou de parceiros para funcionar.
A proposta não interfere com as práticas comerciais das empresas enquanto um jogo está a ser ativamente suportado.
Uma Iniciativa de Cidadãos Europeus a caminho do sucesso
Para que a Comissão Europeia analise a proposta, a petição necessita de atingir um milhão de assinaturas, enquadrando-se no mecanismo de "Iniciativa de Cidadãos Europeus". Com mais de 904.000 assinaturas já validadas, o movimento está muito bem posicionado para alcançar a meta antes do prazo final, fixado para 31 de julho de 2025.
O crescimento tem sido notável, com milhares de novas adesões diárias, demonstrando a frustração generalizada dos jogadores com o estado atual do mercado. Embora a iniciativa seja focada nos cidadãos europeus, os organizadores acreditam que uma vitória na UE terá um impacto global. Argumentam que "se houver sucesso nesta questão num país importante, os consumidores a nível global beneficiarão provavelmente das mudanças devido às forças do mercado".
Como pode apoiar o movimento a partir de Portugal
Esta campanha representa um esforço sem precedentes para utilizar canais legislativos oficiais para defender os direitos dos consumidores no setor dos videojogos. Se for bem-sucedida, poderá estabelecer um precedente vital para a forma como a indústria lida com a longevidade e a preservação dos seus produtos artísticos.
Os cidadãos portugueses e de outros países da União Europeia que queiram juntar-se à causa podem fazê-lo de forma simples. Para assinar e contribuir para esta potencial mudança histórica na indústria dos videojogos, pode aceder à página oficial da iniciativa de cidadania europeia.
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