A Intel confirmou que vai avançar com um despedimento em grande escala, eliminando 2.392 postos de trabalho na sua principal unidade no estado do Oregon, EUA, até meados de julho. A notícia, avançada pelo Oregon Live, representa uma escalada significativa face aos cortes anteriormente anunciados e surge numa altura em que a empresa enfrenta quebras nas vendas e atrasos críticos na produção.
A medida faz parte de uma estratégia agressiva de redução de custos implementada pelo novo CEO, Lip-Bu Tan, que procura estabilizar o gigante dos semicondutores. O Oregon acolhe o maior complexo da Intel a nível mundial, com cerca de 20.000 funcionários, tornando o impacto destes despedimentos particularmente severo para a economia local.
A concorrência feroz e os atrasos tecnológicos
Os desafios da Intel não são recentes. Há quase uma década que a empresa luta contra atrasos na sua tecnologia de fabrico de processadores, o que permitiu à concorrente TSMC assumir a liderança do setor. Atualmente, rivais como a AMD, Nvidia e até a Apple dependem dos processos de fabrico avançados da TSMC, deixando a Intel a tentar recuperar o terreno perdido.
A situação é especialmente crítica em mercados de elevado crescimento, como o dos chips para treino de inteligência artificial. A este respeito, o CEO da Intel foi bastante direto numa comunicação aos funcionários, admitindo que a empresa já não tem como competir. "No que toca ao treino [de IA], penso que é tarde demais para nós", afirmou Tan, acrescentando que o domínio da Nvidia é "demasiado forte".
Reestruturação profunda e o impacto nos trabalhadores
A atual vaga de despedimentos afeta todos os níveis da empresa, mas tem um impacto pronunciado na Intel Foundry, a divisão de investigação, desenvolvimento e fabrico, onde cerca de um em cada cinco postos de trabalho será eliminado. A maioria dos cortes incide sobre técnicos e engenheiros de processo, embora cerca de 8% dos funcionários dispensados ocupem cargos de gestão.
Para além da redução de pessoal, a Intel encerrou o seu grupo focado no setor automóvel e subcontratou a maior parte das suas funções de marketing à Accenture.
Os trabalhadores afetados receberão uma indemnização correspondente a 13 semanas de salário base, acrescidas de 1,5 semanas por cada ano de serviço na empresa. Terão ainda direito a cobertura de saúde durante um ano. Apesar de ainda beneficiar de mais de 275 milhões de euros (300 milhões de dólares) em incentivos fiscais anuais do estado do Oregon, as receitas diminuídas e a mudança de prioridades da Intel deixam uma nuvem de incerteza sobre o futuro da sua presença na região.
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