
Durante anos, a reciclagem de baterias de iões de lítio tem sido o "calcanhar de Aquiles" da revolução elétrica: um processo caro, complexo e com uma pegada ambiental significativa. No entanto, uma equipa de investigadores parece ter encontrado a chave para um futuro mais limpo, com uma tecnologia inovadora que recicla estas baterias de forma ecológica e com um desempenho a par de materiais novos.
O problema da reciclagem tradicional
Até agora, os métodos para dar uma nova vida a baterias de iões de lítio eram frequentemente baseados em processos que consomem enormes quantidades de energia, gerando emissões e resíduos nocivos. Estas técnicas convencionais, além de poluentes, enfrentavam dificuldades em recuperar eficazmente materiais valiosos de cátodos com baixo teor de níquel, comuns em baterias usadas, resultando em produtos de menor valor.
Uma solução hidrometalúrgica amiga do ambiente
Num avanço que promete acelerar a transição para uma energia mais sustentável, uma equipa do Worcester Polytechnic Institute (WPI), liderada pelo Professor Yan Wang, desenvolveu um novo método de reciclagem. O estudo, publicado na prestigiada revista Energy Storage Materials, detalha uma abordagem hidrometalúrgica escalável que combina eficiência com respeito pelo ambiente.
O processo foca-se precisamente nos materiais catódicos que os métodos antigos descartavam. A nova abordagem consegue recuperar mais de 92% dos metais críticos — níquel, cobalto e manganês — e transformá-los em pós-catódicos de alto desempenho, prontos para serem usados em novas baterias.
Desempenho de topo com materiais reciclados
A prova da eficácia desta tecnologia está nos números. Os testes realizados em células de bateria de escala comercial demonstraram que os componentes produzidos com estes materiais reciclados mantêm um desempenho praticamente idêntico ao de materiais virgens. As baterias conservaram 88% da sua capacidade após 500 ciclos de carga e descarga, e mais de 85% após uns impressionantes 900 ciclos.
Para além do desempenho, os benefícios ambientais são claros: o novo processo consome menos 8,6% de energia do que os métodos hidrometalúrgicos convencionais e, crucialmente, reduz as emissões de carbono em 13,9%.
Um passo de gigante para a economia circular
Esta inovação responde diretamente a dois dos maiores desafios atuais: o crescente volume de resíduos de baterias e a procura galopante por materiais essenciais para a produção de carros elétricos e outras tecnologias de energia limpa. Ao reduzir a dependência da mineração, esta tecnologia abre a porta a um ciclo de vida muito mais sustentável para as baterias.
"Mostrámos que é possível produzir baterias de alto desempenho a partir de materiais reciclados em larga escala, algo essencial para um sistema de fornecimento de baterias mais sustentável e resiliente", afirmou o investigador Yan Wang.
Com a indústria e os governos focados em soluções sustentáveis, este avanço poderá desempenhar um papel fundamental na construção de uma economia de baterias verdadeiramente circular e consciente do impacto climático.










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