
Numa das notícias mais inesperadas e irónicas do ano, o LimeWire, a marca que muitos associam à partilha de ficheiros (e vírus) nos primórdios da internet, anunciou a aquisição dos direitos do Fyre Festival. Sim, leu bem, o festival de música que se tornou num sinónimo global de desastre e publicidade enganosa. A compra foi efetuada por 245 mil dólares (cerca de 228 mil euros) num leilão no eBay.
Um regresso de duas marcas... peculiares
Para quem precisa de refrescar a memória, o LimeWire foi um dos mais populares serviços de partilha de ficheiros peer-to-peer (P2P) nos anos 2000, encerrado em 2010 após uma longa batalha legal com a indústria musical. Recentemente, a marca foi ressuscitada, mas com uma nova identidade: um mercado de NFTs (Tokens Não Fungíveis) focado na música.
Do outro lado desta transação está o Fyre Festival, o evento de luxo de 2017 que prometeu um paraíso nas Bahamas com influencers e artistas de topo, mas que entregou tendas de emergência e as infames sanduíches de queijo. O colapso do festival deu origem a múltiplos documentários e tornou-se um dos memes mais duradouros da internet.
O que se segue? Experiências reais, mas sem sanduíches de queijo
A grande questão é: o que planeia fazer o novo LimeWire com a marca de um dos maiores fiascos da história recente? Segundo um comunicado de imprensa partilhado pela Business Wire, os planos não incluem reviver o festival.
"O Fyre tornou-se um símbolo do exagero que correu mal, mas também fez história", afirmou Julian Zehetmayr, CEO do LimeWire. "Não vamos trazer o festival de volta — vamos trazer a marca e o meme de volta à vida. Desta vez, com experiências reais e sem as sanduíches de queijo."
A empresa planeia revelar nos próximos meses "uma visão reinventada para o Fyre" que se expande para além do mundo digital, apostando em "experiências no mundo real, comunidade e surpresas". Esta estratégia sugere que o LimeWire poderá usar a marca Fyre Festival para criar eventos ou vantagens exclusivas para quem adquire os colecionáveis digitais vendidos na sua plataforma, uma tática comum no universo dos NFTs.
Curiosamente, em abril de 2025, já tinha sido anunciado um plano separado para usar o nome Fyre Festival no lançamento de um novo serviço de streaming de música.
Uma aposta na nostalgia e no poder dos memes
A estratégia do LimeWire parece clara: adquirir e reinventar marcas antigas com forte reconhecimento, mesmo que a fama seja negativa. A aposta é que a notoriedade de comprar um NFT de um músico no LimeWire ou de participar num evento com a chancela Fyre Festival (e, desta vez, não ficar retido numa ilha) seja suficiente para atrair a curiosidade e o investimento do público. Resta saber se a nostalgia e os memes serão suficientes para apagar a história de dois dos nomes mais polémicos da cultura da internet.










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