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OpenAI

 

Sam Altman, o CEO da OpenAI, não é conhecido por ser subtil, mas as suas recentes declarações durante a conferência DevDay da empresa estão a gerar uma onda de controvérsia. Numa entrevista, Altman sugeriu que muitos dos empregos que a inteligência artificial (IA) irá eliminar podem, na verdade, nunca ter sido "trabalho real".

 

Utilizando uma analogia com um agricultor de há 50 anos, Altman argumentou que essa pessoa provavelmente olharia para as nossas profissões atuais e diria: "isso não é trabalho a sério". Esta perspetiva, segundo ele, diminui a sua preocupação com a extinção de certos empregos. A declaração, que rapidamente se tornou viral nas redes sociais, foi descrita como insensível e até distópica por muitos, como reporta o Yahoo News.

 

O eco de uma teoria antiga

 

Apesar da polémica, a ideia de Altman não é inteiramente nova. Faz lembrar a teoria dos "Bullshit Jobs" (Empregos de M****), popularizada pelo falecido antropólogo David Graeber. No seu ensaio de 2013, que mais tarde se tornou um livro, Graeber defendia que muitos trabalhadores, em segredo, acreditam que os seus empregos são inúteis e que setores inteiros da economia se baseiam em burocracia sem qualquer valor social real.

 

A teoria de Graeber tornou-se um hino para trabalhadores de escritório descontentes e foi citada por inúmeros analistas. A formulação de Altman pode ter soado arrogante, mas a ideia de que muito do nosso trabalho é apenas uma performance tem precedentes.

 

A realidade dos números conta outra história

 

O problema é que os dados não parecem confirmar totalmente a teoria de Graeber. Um estudo europeu de 2021 revelou que apenas cerca de 5% das pessoas consideravam os seus empregos inúteis. Nos Estados Unidos, um estudo semelhante apontou para um número mais próximo dos 20%.

 

Em ambos os casos, os investigadores concluíram que o sentimento de inutilidade estava mais ligado a uma má gestão e a uma cultura de trabalho tóxica do que ao trabalho em si. Ter um chefe que faz microgestão ou processos de trabalho ineficientes pode fazer com que até a tarefa mais valiosa pareça uma farsa. Isto não significa, no entanto, que a função deva ser automatizada e eliminada.

 

O verdadeiro alvo da IA: o "lixo" do dia a dia

 

É aqui que o comentário de Altman ganha mais substância, mesmo que de forma indireta. A maioria dos empregos não é uma farsa, mas muitas funções acumularam camadas de tarefas repetitivas e automatizáveis: listas de verificação, relatórios que ninguém lê, e-mails a resumir reuniões que podiam ter sido uma simples mensagem no Slack.

 

É este tipo de "lixo" burocrático que os grandes modelos de linguagem (LLMs) já conseguem executar com eficiência. Quando Sam Altman afirma que a IA irá eliminar tarefas em vez de profissões inteiras, é provável que se refira a isto. Ao automatizar a parte aborrecida do trabalho, a tecnologia poderá, ironicamente, permitir que nos foquemos naquilo que é, de facto, "trabalho real".




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