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Num dos movimentos mais sísmicos da história do entretenimento, a Netflix anunciou esta sexta-feira a aquisição da Warner Bros., num acordo avaliado em 82,7 mil milhões de dólares (cerca de 78 mil milhões de euros). Esta fusão monumental inclui a plataforma HBO Max e os estúdios HBO, redefinindo por completo a hierarquia de Hollywood e do streaming global.

O negócio não só consolida a posição de liderança da gigante do streaming, como lhe entrega as chaves de algumas das propriedades intelectuais mais valiosas do mundo, incluindo o universo da DC Comics, "Game of Thrones" e a saga "Harry Potter". O investimento direto da empresa ascende aos 72 mil milhões de dólares, um valor que supera a própria avaliação de mercado da Warner Bros., que se situava nos 60 mil milhões.

Um império de conteúdos e números astronómicos

A disparidade de escala entre as duas entidades era já evidente antes da fusão. Em janeiro, a empresa de Reed Hastings contava com mais de 300 milhões de subscritores pagantes, enquanto a HBO Max, combinada com a Discovery+, rondava os 128 milhões. Com esta aquisição, a "casa" de Stranger Things elimina um dos seus concorrentes mais prestigiados e absorve uma biblioteca de conteúdos de qualidade inegável.

A Warner Bros. Discovery tinha-se colocado oficialmente à venda em outubro, pressionada por dívidas acumuladas e um crescimento no streaming abaixo das expectativas. Embora a Paramount tenha sido apontada inicialmente como a favorita na corrida, foi a oferta massiva da concorrência que acabou por selar o destino do estúdio centenário.

O acordo prevê ainda uma reestruturação complexa: a aquisição concretizar-se-á apenas após a Warner Bros. Discovery efetuar a separação da "Discovery Global". Esta divisão, que inclui redes de televisão por cabo como a TNT e a CNN, ficará de fora do portfólio da nova dona. As empresas estimam que todo o processo, que envolve uma combinação de dinheiro e ações, esteja concluído num prazo de 12 a 18 meses, com a finalização prevista para o terceiro trimestre de 2026.

Separação da Discovery e obstáculos políticos

Apesar dos números impressionantes, o caminho até à finalização do negócio promete ser atribulado, especialmente nos corredores de Washington. A fusão deverá enfrentar um escrutínio rigoroso por parte das autoridades da concorrência (antitrust).

Já em novembro, senadores norte-americanos de peso, como Elizabeth Warren, Bernie Sanders e Richard Blumenthal, manifestaram preocupações sérias sobre a potencial venda. Numa carta enviada à Divisão Antitrust do Departamento de Justiça, os legisladores alertaram que qualquer acordo seria analisado "sob uma nuvem de favoritismo político e corrupção". A tensão estende-se também à indústria, com relatos de que um grupo anónimo terá pressionado o Congresso para se opor publicamente à oferta, conforme confirmado no comunicado oficial de imprensa.