
As ações da Tesla caíram 7% após o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter assinado a sua nova e controversa legislação, conhecida como ‘Big Beautiful Bill’ (BBB). Em resposta, o CEO da Tesla, Elon Musk, anunciou a criação de um novo partido político, marcando um ponto de viragem na sua relação com a administração republicana.
Apesar de Musk justificar a sua oposição a Trump com a crescente dívida do governo federal, agravada por esta nova lei, o Presidente norte-americano alega que a verdadeira razão é o fim dos subsídios que têm beneficiado a Tesla. A verdade poderá estar algures no meio, mas executivos e ex-executivos da empresa vieram agora a público detalhar o pesado impacto que a nova legislação terá na fabricante de automóveis.
O fim dos subsídios e créditos de emissões
Segundo uma nova reportagem do Financial Times, que cita fontes internas da Tesla, o maior golpe virá da eliminação do crédito fiscal federal de 7.500 dólares, que termina já a 30 de setembro. Espera-se que esta medida reduza drasticamente a procura por veículos elétricos nos EUA, um mercado crucial para a Tesla e, até agora, o menos afetado pela quebra de procura global da empresa.
Para agravar a situação, a lei também elimina as penalizações para os fabricantes de automóveis que não cumprem os requisitos de emissões. Consequentemente, o mercado de venda de créditos de emissões, uma fonte de receita significativa para a Tesla, deixa de existir. Sem estes créditos, a empresa teria registado prejuízos no primeiro trimestre do ano.
Embora a Tesla também beneficie de programas semelhantes na Europa e na China, um executivo da empresa revelou ao Financial Times que cerca de três quartos das receitas com estes créditos provêm do mercado norte-americano. Apesar de existirem contratos com outros fabricantes, cláusulas sobre alterações na regulamentação podem levar à sua anulação. Um dos executivos foi claro: "Trump fê-lo de forma tão rápida e com tal ferocidade que os programas inteiros podem simplesmente desaparecer."
Um futuro financeiro incerto e a reação tardia de Musk
Com o fim dos créditos fiscais e das receitas das emissões, a Tesla poderá enfrentar um cenário de perdas financeiras já no quarto trimestre de 2025.
A perceção dentro da empresa é que Elon Musk demorou demasiado tempo a compreender a gravidade do problema. Um antigo executivo da Tesla afirmou ao Financial Times que a situação é desastrosa para os resultados da empresa.
"Esta é uma política terrível e um golpe devastador para os resultados da Tesla. Não se trata apenas dos regulamentos de consumo de combustível, é tudo em conjunto: tarifas, o crédito de 7.500 dólares para o consumidor, créditos fiscais para o fabrico, créditos para o carregamento e créditos para a energia solar residencial. [...] O Elon finalmente acordou para isto, mas já é tarde demais", comentou.
Com a criação do seu novo partido político, Musk arrisca-se ainda a enfrentar mais retaliações por parte de um governo que já demonstrou estar disposto a tomar medidas contra o empresário.










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