O X, a plataforma anteriormente conhecida como Twitter, recusou-se formalmente a cooperar com uma investigação em curso em França, desencadeando um confronto direto com as autoridades do país. Elon Musk, proprietário da rede social, classificou a investigação como um ato de "perseguição política", elevando a tensão entre a gigante tecnológica e os reguladores europeus.
França investiga recolha de dados e viés político
No centro da disputa estão as suspeitas das autoridades francesas de que o X poderá ter recolhido dados dos seus utilizadores de forma irregular. Além disso, a investigação procura apurar a existência de um alegado "viés político" no algoritmo da plataforma, que estaria a ser manipulado para dar prioridade a publicações de apenas um lado do espectro ideológico.
Os procuradores responsáveis pelo caso, que ainda se encontra em fase de recolha de provas, solicitaram acesso ao algoritmo de recomendações do X e aos seus dados em tempo real, um pedido que a empresa negou categoricamente, apesar de ter sido oferecido um canal seguro para a partilha da informação.
Plataforma de Musk acusa agenda política e defende liberdade de expressão
Numa publicação oficial, o X defendeu a sua posição de forma assertiva, afirmando que a investigação distorce a legislação francesa para servir interesses políticos e, em última análise, restringir a liberdade de expressão. A declaração, partilhada pela Reuters, reflete a postura combativa que Musk tem adotado perante a regulação governamental.
Até ao momento, o ministério público francês não reagiu oficialmente às acusações de perseguição lançadas pela empresa.
Recusa pode levar a multas e penas de prisão
A recusa em colaborar pode trazer consequências severas para o X e os seus executivos. A lei francesa prevê punições que incluem a aplicação de multas avultadas, um processo por obstrução à justiça e, num cenário mais extremo, penas de até 10 anos de prisão para os responsáveis da rede social.
Eric Bothorel, o deputado francês que apresentou a queixa, acusa o X de manipular o seu algoritmo para permitir "interferência estrangeira" em França. Rebatendo as declarações de Musk, Bothorel defendeu a independência do sistema judicial francês, afirmando que "esse conceito parece estar totalmente invertido nos Estados Unidos atualmente. A falta de responsabilidade e supervisão coloca a liberdade em risco, tanto quanto proibições e censura".
Um conflito que escala para o campo geopolítico
Este braço de ferro ameaça azedar ainda mais as relações entre Paris e Washington, especialmente considerando que a administração do presidente Donald Trump tem demonstrado uma clara intenção de proteger as grandes empresas de tecnologia norte-americanas.
Fontes da Casa Branca já afirmaram publicamente que sentem que a União Europeia "persegue" estas companhias, e existem indicações de que outras ações, como a investigação comercial contra o Brasil, possam ser resultado da pressão exercida por estas gigantes tecnológicas.
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