
As restrições impostas pelos Estados Unidos, tanto pela administração Biden como pela de Trump, para limitar o acesso da China a chips de Inteligência Artificial (IA) avançados, parecem estar a ser desafiadas. Mesmo com os controlos de exportação em vigor, que visam a Nvidia e a AMD por razões de segurança nacional e risco de aplicação militar, o exército chinês está alegadamente a tentar adquirir estes componentes essenciais.
As provas nos portais de aquisição do exército
Segundo uma investigação do Business Insider, que afirma ter analisado registos do portal oficial do Exército de Libertação Popular (PLA), várias unidades militares publicaram pedidos de equipamento que referenciam diretamente produtos da Nvidia. Estes pedidos ficam abertos a propostas de fornecedores locais, numa aparente tentativa de contornar as sanções internacionais.
A publicação relata que múltiplos pedidos mencionam os cobiçados chips de IA H20 da Nvidia. Em três desses pedidos, era exigido um mínimo de oito chips H20 para um sistema capaz de operar o DeepSeek-R1 671B, um dos modelos de linguagem mais avançados e poderosos.
Outro pedido de aquisição destinava-se a um sistema de "tomada de decisão inteligente", que especificava a necessidade de quatro placas gráficas RTX 6000, um modelo também capaz de correr o DeepSeek. É importante notar que a venda tanto dos chips RTX 6000 como dos H100 para a China está proibida pelas regras de exportação dos EUA. Ainda assim, foram encontrados pedidos para placas H100, com a condição de serem entregues na sua embalagem original e instaladas localmente.
A ambição tecnológica do exército chinês não se fica pelos servidores. Foi também identificado um pedido para o módulo de computação Jetson da Nvidia, que seria usado num projeto piloto de um cão-robô com cerca de 15 kg. No entanto, este pedido em particular foi posteriormente retirado.
A resposta da Nvidia e as implicações
Em resposta à controvérsia, um porta-voz da Nvidia declarou ao Business Insider que a China possui chips domésticos "mais do que suficientes" para os seus fins militares e que "comprar um punhado de produtos mais antigos para testar a concorrência dos EUA não é uma preocupação de segurança nacional".
O porta-voz acrescentou ainda que "usar produtos restritos para aplicações militares seria impraticável, sem suporte, software ou manutenção", minimizando o impacto que estas aquisições poderiam ter.
Apesar da dificuldade em confirmar se a China conseguiu efetivamente obter estes produtos para fins militares, a existência destes pedidos públicos sugere que o país poderá ter vários métodos para tentar adquirir tecnologia sancionada. Esta notícia surge poucos dias depois de o regulador chinês ter lançado uma investigação à Nvidia por suspeitas de existir uma "backdoor" nos seus chips H20, o que adiciona mais uma camada de complexidade às relações tecnológicas entre os dois países.










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