
Donald Trump voltou a abalar a indústria tecnológica com uma declaração bombástica. Durante uma conferência de imprensa, o presidente dos EUA anunciou a intenção de aplicar uma tarifa de 100% sobre todos os chips e semicondutores importados. A medida, que promete agitar a cadeia de fornecimento global, surge com uma exceção de peso que parece proteger gigantes como a Apple.
Uma exceção gigante para os "amigos" da América
O plano de Trump contém uma lacuna colossal: as empresas que estão a construir ou que se comprometeram "sem sombra de dúvida" a instalar a sua produção nos Estados Unidos ficarão isentas desta taxa. A Apple, que recentemente anunciou um novo plano de investimento de 100 mil milhões de dólares em fabrico no país, foi o exemplo dado pelo próprio presidente.
"Vamos aplicar uma tarifa muito grande sobre chips e semicondutores, mas a boa notícia para empresas como a Apple é que, se estiverem a construir nos Estados Unidos ou se se comprometeram a fazê-lo, não haverá qualquer taxa", explicou Trump. O presidente acrescentou ainda que basta o compromisso para escapar à tarifa, mesmo que a produção ainda não tenha arrancado.
O alvo da discórdia: quem vai pagar a fatura?
A grande questão que paira no ar é saber a quem se destina realmente esta tarifa. A maioria dos principais fabricantes de chips já possui algum tipo de investimento em solo americano. A TSMC de Taiwan, responsável pela esmagadora maioria dos processadores de ponta e que já esteve na mira de Trump, anunciou em março um investimento de 100 mil milhões de dólares nos EUA.
A dúvida persiste se o alvo são os fabricantes de chips ou as empresas que os utilizam nos seus produtos. A Apple, por exemplo, desenha os seus próprios processadores mas depende da TSMC para o seu fabrico. A CEO da AMD, Lisa Su, já tinha revelado que os chips produzidos pela TSMC nos EUA teriam um custo acrescido de 5 a 20% em comparação com os fabricados no estrangeiro, um custo que inevitavelmente se refletiria no consumidor final.
Ameaça repetida ou desta vez é a sério?
Esta não é a primeira vez que a administração Trump ameaça o setor com tarifas. Em janeiro e fevereiro, promessas semelhantes foram feitas, mas acabaram por ser excluídas das taxas aplicadas em abril. Trump não especificou uma data para a entrada em vigor desta nova medida, embora outras tarifas gerais sobre dezenas de países tenham sido implementadas a 7 de agosto.
A situação deixa a indústria em suspense. Se, por um lado, a ameaça é real, a enorme exceção apresentada parece ser uma porta aberta para que as grandes empresas tecnológicas, através de investimentos estratégicos, consigam contornar o que seria um duro golpe financeiro, como detalha o The Verge.










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