
A política de Transparência no Rastreamento de Aplicações (ATT) da Apple, lançada em 2021, concedeu aos utilizadores de iPhone, iPad e Apple TV a capacidade de decidir se as aplicações poderiam recolher os seus dados de atividade noutros sites e serviços. Segundo a Financial Times, este controlo teve um impacto particularmente severo na Meta, a empresa de Mark Zuckerberg, que chegou a recorrer a uma campanha de desinformação para tentar influenciar os utilizadores.
Após a introdução da ATT, uma enorme maioria, 87% dos utilizadores de dispositivos Apple, optou por bloquear o rastreio. Como resultado, a Meta viu as suas receitas anuais caírem em cerca de 10 mil milhões de dólares em 2022 e o seu valor de mercado desvalorizou 26% num único dia. Em resposta, a empresa desenvolveu estratégias para contornar as restrições, o que acabou por resultar num processo judicial que a Meta resolveu fora de tribunal, pagando 37,5 milhões de dólares. A decisão, no entanto, estabeleceu um precedente legal ao reconhecer que dados inferidos ou anónimos também devem ser protegidos.
As novas acusações e o 'matching determinístico'
O escândalo volta agora à tona com uma nova denúncia. Samujjal Purkayastha, um ex-gestor de produto da Meta, avançou com um processo judicial, alegando ter sido despedido por se opor às práticas da empresa. Purkayastha acusa a Meta de ter contornado as regras da Apple e de ter enganado os anunciantes.
O ex-funcionário revelou em tribunal que a Meta usou uma ferramenta interna chamada "matching determinístico", que alegadamente permitia à empresa continuar a recolher dados identificáveis e cruzá-los entre diferentes plataformas, mesmo que os utilizadores tivessem explicitamente recusado o rastreio. Este esquema, operado por um grupo restrito de funcionários, seria uma clara violação das políticas da Apple.
Inflação de resultados e uma nova guerra legal
Para além da recolha de dados, Purkayastha acusa a Meta de inflacionar o desempenho dos "Anúncios das Lojas", uma ferramenta de IA introduzida em 2022. Estes anúncios apresentavam aos comerciantes valores de venda brutos, sem deduzir custos como portes e impostos, resultando numa discrepância de 17% a 19% nos resultados. Segundo o ex-gestor, a Meta tinha conhecimento desta falha, mas recusou-se a corrigi-la.
O porta-voz da Meta negou todas as acusações, afirmando que Purkayastha foi despedido por razões não relacionadas com o caso. A denúncia poderá levar a uma nova ação judicial contra a gigante tecnológica no final de 2025. Se as alegações de recolha indevida de dados se confirmarem, a Meta pode enfrentar uma nova onda de processos por parte dos utilizadores.










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