
A ideia de que a Inteligência Artificial (IA) vai eliminar postos de trabalho tem sido um tema recorrente, mas agora, investigadores da Universidade de Stanford afirmam ter encontrado as primeiras provas concretas e em larga escala de que esta revolução já está a afetar o mercado de trabalho norte-americano, com um impacto particularmente forte nos trabalhadores mais jovens e em posições de entrada.
Análise em grande escala ao mercado de trabalho
Numa nova investigação, os académicos Erik Brynjolfsson, Bharat Chandar e Ruyu Chen basearam as suas conclusões na análise de dados administrativos da ADP, a maior empresa de processamento de salários dos Estados Unidos. Esta abordagem permitiu-lhes examinar os registos de emprego de milhões de trabalhadores desde o final de 2022 até julho deste ano. A metodologia consistiu em classificar as profissões com base na sua probabilidade de serem substituídas pela tecnologia de IA, separando as de alta exposição das de baixa exposição.
De acordo com o estudo da Universidade de Stanford, os trabalhadores em funções que podem ser descritas como "empregos de email", como programadores de software e contabilistas, foram identificados como os que correm maior risco. Em contrapartida, profissões que exigem uma maior interação com o mundo físico, como trabalhadores de manutenção e reparação ou enfermeiros, parecem estar mais protegidos deste impacto.
Jovens em "empregos de email" são os mais penalizados
A descoberta mais alarmante do estudo é a que afeta os trabalhadores com idades entre os 22 e os 25 anos. Nestas faixas etárias, os empregos com elevada exposição à IA registaram uma queda significativa no número de postos de trabalho. O artigo científico detalha esta mudança através de seis factos observados. O primeiro foca-se em funções específicas, como programadores de software e representantes de apoio ao cliente, onde os trabalhadores mais jovens viram o seu emprego diminuir drasticamente, enquanto os colegas mais velhos não foram afetados da mesma forma. No caso dos programadores entre 22 e 25 anos, o emprego caiu quase 20% desde o seu pico no final de 2022.
A perda de empregos para os jovens nestas áreas expostas à IA é tão acentuada que, segundo os investigadores, está a mascarar o crescimento noutros setores e a fazer com que o crescimento global do emprego para esta faixa etária pareça estagnado. Em áreas de baixa exposição, como os auxiliares de saúde, o emprego para os jovens cresceu entre 6% e 13%. No entanto, a quebra acentuada nos postos de trabalho de "colarinho branco" de nível inicial está a anular esses ganhos.
Mais do que uma simples recessão no setor tecnológico
Para garantir que os resultados não eram apenas um reflexo de uma recessão no setor tecnológico, os investigadores isolaram diversas variáveis. Descobriram que a perda de postos de trabalho está concentrada em tarefas que a IA pode automatizar (substituir), em oposição às que pode aumentar (ajudar).
Além disso, a equipa controlou os dados para choques específicos de empresas, como um mau trimestre financeiro, e concluiu que o que está a desaparecer é a função do trabalho em si, e não que a empresa esteja em dificuldades. Este padrão manteve-se mesmo depois de removerem todo o setor tecnológico da sua análise de dados, reforçando a conclusão de que é a automação por IA, e não outros fatores económicos, a principal causa desta transformação no mercado de trabalho.










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