
Há muito que Tim Schafer não se sentava para falar com a imprensa, mas a ocasião justificava. O líder da Double Fine, o estúdio que nos trouxe a aclamada série Psychonauts, revelou o seu novo e bizarro projeto: Keeper, um jogo de aventura e quebra-cabeças onde o protagonista é, literalmente, um farol com pernas.
A Double Fine, agora parte dos estúdios da Microsoft, aproveitou os recursos disponíveis para, nas palavras de Schafer, "fazer algo estranho". E, pelo que foi mostrado, o objetivo foi cumprido.
Um farol com pernas e um pássaro como companheiro
Em Keeper, os jogadores assumem o controlo de uma personagem, no mínimo, invulgar: um farol senciente e ambulante, que desperta na companhia de um pássaro curioso e por vezes agressivo chamado Twig. Curiosamente, o farol não tem nome.
O conceito do jogo partiu do diretor de arte da Double Fine, Lee Petty, que se inspirou nas suas caminhadas durante a pandemia. Essa influência reflete-se não só nas paisagens e colinas que o farol atravessa, mas também na ausência total de diálogos. As interações entre o pássaro e o edifício, que marcam tanto as cenas cinemáticas como a jogabilidade, assemelham-se a curtas-metragens da Pixar.
Exploração e quebra-cabeças com um feixe de luz
A principal forma de interação com este mundo surrealista é através do feixe de luz do farol. Este não só ilumina caminhos e objetos escondidos, como também pode ser focado nas inúmeras criaturas que habitam o cenário. Consoante a criatura, a luz pode fazê-la fugir ou oferecer esferas mágicas que desbloqueiam novas áreas ou dão vida a estruturas gigantes.
Nem tudo é para atacar. Durante as demonstrações, foi possível ver criaturas a esconderem-se, a fugirem e simplesmente a existirem num mundo onde a humanidade parece ter desaparecido há muito. O pássaro Twig também desempenha um papel fundamental, podendo interagir com elementos que o farol ilumina.
As habilidades parecem depender do local. Numa secção, o farol consegue manipular o tempo, transformando o seu companheiro de volta a um ovo enquanto um edifício se repara. Noutro momento, ao entrar numa névoa rosa, ganha a capacidade de saltar e flutuar.
Um mundo surrealista sem diálogos ou distrações
Visualmente, Keeper partilha o ADN de Psychonauts, com um toque surrealista que lembra as obras de Dalí. A ausência de um mapa, barra de vida ou qualquer outro elemento no ecrã (HUD) garante uma imersão total na exploração e na resolução dos quebra-cabeças.
Schafer refere que os temas da mudança e da metamorfose são centrais na narrativa, com a relação entre o farol e o pássaro a ser o coração do jogo. A dinâmica faz lembrar clássicos como Banjo Kazooie e até a melancolia de Ico, especialmente nos momentos em que a dupla se ajuda para ultrapassar os obstáculos.
Keeper tem lançamento marcado para 17 de outubro para Xbox Series S|X e PC, estando incluído desde o primeiro dia no Xbox Game Pass.










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