
Numa tentativa de acelerar as negociações comerciais e evitar uma guerra de tarifas, a Comissão Europeia avançou com uma proposta para eliminar as taxas sobre bens industriais importados dos Estados Unidos. A medida, que surge no âmbito de um acordo mais vasto entre os dois blocos económicos, tem como principal objetivo obter uma contrapartida de Washington: a redução das pesadas tarifas aplicadas aos automóveis europeus.
Segundo avança o Automotive News, este desenvolvimento dá seguimento a um entendimento alcançado no final do mês passado, que inicialmente previa taxas de 15% sobre a maioria dos produtos europeus, incluindo veículos.
O que está em cima da mesa?
A condição para a descida das tarifas sobre os automóveis e componentes europeus era a formalização desta proposta por parte de Bruxelas. Com a proposta agora apresentada, espera-se que as reduções tarifárias possam entrar em vigor com efeitos retroativos a 1 de agosto.
Atualmente, os Estados Unidos impõem uma tarifa adicional de 25% sobre os automóveis da União Europeia, que se soma à taxa já existente de 2,5%, resultando num encargo total de 27,5% que penaliza fortemente os fabricantes europeus.
No entanto, o caminho ainda não está totalmente livre. A proposta da Comissão Europeia terá de ser aprovada pela maioria dos Estados-Membros e pelo Parlamento Europeu, um processo que pode demorar várias semanas. Importa salientar que o aço e o alumínio europeus continuam a ser uma exceção, mantendo-se sujeitos a uma taxa de 50% no mercado norte-americano.
Um acordo favorável aos EUA?
Embora este acordo seja visto pela União Europeia como uma forma de evitar uma escalada comercial prejudicial – o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçava impor tarifas adicionais de 30% a quase todos os produtos europeus –, a sua estrutura parece assimétrica.
A UE compromete-se a abrir os seus mercados, eliminar tarifas sobre bens industriais, adquirir energia e armamento dos EUA e realizar um investimento de 600 mil milhões de dólares (cerca de 514 mil milhões de euros). Em contrapartida, do lado americano, as tarifas em vigor mantêm-se praticamente inalteradas, afetando aproximadamente 70% do valor total das exportações europeias para os EUA.
Apesar dos avanços, o presidente Donald Trump mantém uma visão crítica sobre a relação comercial, tendo chegado a acusar a União Europeia de ter sido criada "para enganar os EUA". Uma das suas queixas mais recorrentes é o défice comercial, que em 2024 atingiu um saldo negativo de 235 mil milhões de dólares (cerca de 201 mil milhões de euros) para os Estados Unidos no comércio com a UE.










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