
Marc Benioff, CEO da Salesforce, confirmou esta semana que a empresa eliminou 4.000 postos de trabalho no seu departamento de apoio ao cliente, atribuindo a decisão diretamente aos ganhos de eficiência obtidos com a implementação de inteligência artificial. A justificação, contudo, está a gerar uma onda de críticas pela sua frieza.
Numa entrevista ao programa The Logan Bartlett Show, Benioff foi direto ao assunto, afirmando ter reduzido a equipa de "9.000 para cerca de 5.000 cabeças, porque preciso de menos cabeças". A declaração sublinha o impacto crescente da automação no mercado de trabalho tecnológico.
A IA como justificação para os cortes
A justificação oficial da Salesforce apoia a visão do seu CEO. A empresa-mãe de ferramentas como o Slack explicou que a eficiência da sua própria IA, denominada Agentforce, levou a uma diminuição no número de casos de suporte, tornando desnecessária a substituição de engenheiros que saíam da empresa. "Devido aos benefícios e eficiências do Agentforce, vimos o número de casos de suporte que tratamos diminuir e já não precisamos de preencher ativamente os cargos de engenheiro de suporte", afirmou a empresa em comunicado.
Esta medida surge depois de Benioff ter anunciado anteriormente que a inteligência artificial já estava a realizar até 50% do trabalho em certas áreas da Salesforce, um sinal claro da direção que a empresa e o setor estão a tomar.
A desumanização da indústria tecnológica
As declarações do CEO não foram bem recebidas por todos. O analista Ed Zitron, em declarações à CNBC, criticou a mentalidade de "crescimento a todo o custo" que domina muitas empresas tecnológicas. Zitron argumenta que esta abordagem "arruína a vida das pessoas" e pode, a longo prazo, "tornar a empresa pior" ao oferecer um "produto inferior". A expressão "preciso de menos cabeças" usada por Benioff foi vista como um exemplo claro da desumanização inerente a estas decisões.
Uma tendência que veio para ficar?
Os cortes na Salesforce não são um caso isolado. Segundo dados do portal Layoffs.fyi, só em 2025, o setor tecnológico já eliminou mais de 83.000 postos de trabalho nos Estados Unidos. A consultora de recursos humanos Laurie Ruettimann afirmou à CNBC que muitos destes despedimentos em toda a América são uma consequência direta da implementação de sistemas de IA, aconselhando os profissionais a adquirirem novas competências para se manterem relevantes no mercado.
Embora a automação seja um fator central, outros elementos económicos contribuem para esta onda de despedimentos. Muitas empresas tecnológicas realizaram contratações massivas durante a pandemia. Com a subida das taxas de juro e a inflação a afetar o poder de compra, a procura diminuiu, forçando as empresas a reajustar as suas equipas para se tornarem mais eficientes e atraentes para os investidores.










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