
A Meta está novamente debaixo de fogo por questões relacionadas com a segurança dos menores nas suas plataformas. Uma investigação aprofundada do The Washington Post revela que a empresa terá suprimido investigações internas que alertavam para os perigos a que as crianças estão expostas nos seus auscultadores de realidade virtual.
Com base em documentos entregues ao Congresso dos EUA por funcionários e ex-funcionários, a reportagem descreve incidentes graves, incluindo tentativas de aliciamento de crianças por parte de predadores adultos no ambiente virtual. As alegações indicam que os relatórios internos foram editados para omitir as ofensas mais graves, pintando um quadro menos alarmante da situação. A Meta já negou veementemente estas acusações.
O caso que espoletou o escândalo
No centro da polémica está o testemunho de dois investigadores que se encontraram com uma família alemã, cuja filha, com menos de dez anos, foi abordada por estranhos online enquanto usava um dispositivo de realidade virtual da Meta. Alguns destes indivíduos terão feito propostas de cariz sexual à criança.
Segundo os funcionários, quando o relatório com estes detalhes foi submetido, um superior terá ordenado a sua remoção. A versão final do documento interno mencionava apenas os receios dos pais sobre este tipo de situações, mas omitia por completo o incidente relatado.
A defesa da Meta e a controvérsia dos dados
Confrontada com as acusações, Dani Lever, porta-voz da Meta, afirmou ao The Washington Post que os documentos foram "costurados para se ajustarem a uma narrativa predeterminada e falsa". Garantiu ainda que a empresa não proíbe a investigação sobre o uso dos seus produtos por crianças com menos de 13 anos. "Defendemos o excelente trabalho da nossa equipa de investigação e estamos consternados com estas caracterizações erradas dos seus esforços", concluiu.

A empresa não confirmou nem negou o episódio da família alemã, mas sugeriu que, se a informação foi removida, tal deveu-se à necessidade de cumprir com as leis de proteção de dados dos EUA ou com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) da União Europeia. No entanto, os investigadores garantem que obtiveram consentimento da mãe da criança, incluindo um contrato assinado no início da entrevista.
Os documentos apresentados ao Congresso incluem também alegadas diretrizes da equipa jurídica da Meta que instruíam os investigadores a evitar a recolha de dados sobre crianças, devido a "preocupações regulamentares".
Um histórico que levanta suspeitas
Esta não é a primeira vez que a segurança dos menores nos ambientes virtuais da Meta é questionada. Os documentos revelam que vários funcionários já tinham alertado para o facto de crianças com menos de 13 anos estarem a contornar as restrições de idade para usar os auscultadores. Curiosamente, a Meta acabou por baixar a idade mínima de utilização para dez anos.
Recentemente, a empresa abriu o seu mundo virtual, o Horizon Worlds, a pré-adolescentes, desde que com autorização parental. Esta decisão levou o Comité Judiciário do Senado a exigir informações sobre a presença de menores na aplicação e sobre as alegadas falhas da empresa em proteger a privacidade e segurança das crianças.
Um subcomité do Senado, focado em leis e regulamentos de segurança online, agendou uma audiência para discutir estas novas alegações ainda esta semana.










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